Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentaram com o agravamento da crise e atingiram o recorde de R$ 86,594 bilhões nos 12 meses até outubro, sendo R$ 71,5 bilhões este ano e R$ 10,172 bilhões só no mês passado.

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Segundo o presidente da instituição, Luciano Coutinho, os números do desempenho do banco no mês passado indicam "manutenção da aceleração do investimento", apesar da crise.

"Certamente, chegaremos a R$ 90 bilhões este ano", disse Coutinho, citando uma cifra que até a semana passada só esperava para o ano que vem. No início do ano, a meta de desembolso para 2008 era de R$ 80 bilhões, depois ampliada para R$ 85 bilhões.

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Mais recordes

Os volumes de aprovações, enquadramentos e consultas (pedidos formais de recursos ao BNDES) também foram recorde, de acordo com gráficos distribuídos pelo banco. As aprovações atingiram R$ 119,633 bilhões em 12 meses, R$ 90,5 bilhões de janeiro a outubro e R$ 14,437 bilhões só em outubro.

Os enquadramentos foram de R$ 154,089 bilhões em 12 meses, R$ 128 bilhões em 2008 e R$ 12,797 bilhões em outubro. Segundo Coutinho, aprovações e enquadramentos mostram que os desembolsos do BNDES no ano que vem "continuarão firmes". Ele comentou que o governo dará os recursos necessários para o banco continuar apoiando o aumento do investimento.

As consultas mostraram que, em outubro, primeiro mês inteiro depois do agravamento da crise com a concordata do banco norte-americano Lehman Brothers (em meados de setembro), os novos pedidos de recursos ao BNDES atingiram R$ 21,409 bilhões, acumulando R$ 152 bilhões de janeiro a outubro e R$ 175 bilhões em 12 meses.

Crise

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"A crise não chegou ao BNDES", disse Coutinho. No entanto, ele admite que "é possível" que a demanda ao banco estatal tenha aumentado justamente pela restrição de crédito privado com a crise.

Coutinho considera que pode ter havido um desvio de demanda de empresas que buscavam crédito externo em dólar, para em reais, no BNDES. Por outro lado, ressaltou, "há um ciclo de investimento em infra-estrutura em plena aceleração e que não foi afetado de forma nenhuma pela crise".

Também disse que os números refletem "uma atuação mais afirmativa do BNDES na infra-estrutura, em exportação, e ainda não reflete outras iniciativas em curso", como os financiamentos a empréstimo-ponte em infra-estrutura e em capital de giro.

BB e Caixa

Os R$ 10 bilhões extras para o BNDES anunciados na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, "provavelmente" virão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, informou Coutinho. Assim, de acordo com ele, "poderá não ser necessário emitir títulos" públicos. Mantega tinha mencionado que os recursos viriam de títulos do Tesouro Nacional.

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De acordo com Coutinho, do total, R$ 4 bilhões já estão certos, equacionados, entre os bancos federais, sendo que R$ 2,5 bilhões "já estão entrando". Coutinho explicou sobre esses R$ 2,5 bilhões que os recursos serão usados prioritariamente para empréstimo-ponte à infra-estrutura.

O BNDES pagará juros de Depósito Interbancário (DI) "mais uma taxa" pelos recursos e também cobrará "juros de mercado" quando for conceder crédito a partir dessas fontes. Segundo Coutinho, o BNDES só tomará os recursos com BB e Caixa à medida que for repassar.