Com influência positiva de medidas de incentivo do governo e alívio temporário da inflação, o varejo teve um resultado acima do esperado em julho. Os especialistas, no entanto, avaliam que o resultado não deve se repetir nos próximos meses. As vendas aumentaram 1,9% na comparação com junho, maior crescimento desde janeiro de 2012, e subiram 6% ante o mesmo período de 2012.

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Para o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fabio Bentes é muito difícil sustentar um crescimento acima de 1% nos próximos meses. Para ele, a principal contribuição positiva no mês foi a deflação de 0,33% dos alimentos em julho, segundo o IPCA. Em agosto, no entanto, o preço dos alimentos já voltou a subir, com alta de 0,01%.

O mesmo ocorreu com vestuários, que teve deflação de 0,39% em julho, mas inflação de 0,08% em agosto. "O preço costuma explicar muito do que ocorre no comércio. O problema é que já no próximo mês o alívio não ocorrerá, além de haver uma pressão para repasse da alta dos custos com a disparada do dólar", afirmou.

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Em relação ao mesmo mês de 2012, o segmento que mais puxou o crescimento das vendas do varejo foi o de móveis e eletrodomésticos. Com impacto do Minha Casa Melhor, as vendas do setor subiram 11%, com participação de 22,4% na taxa global do varejo. "O Minha Casa Melhor [que oferece crédito para beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida] começou a ter repercussão nas vendas do setor em julho, sobretudo no caso dos eletrodomésticos", afirma Aleciana Gusmão, técnica do IBGE.

O programa de venda facilitada de eletrodomésticos e móveis foi lançado pelo governo no dia 12 de junho como tentativa de turbinar a economia pelo consumo num momento de queda de popularidade de Dilma. Apesar do alívio no mês, o setor segue em 2013 em patamar abaixo dos anos anteriores. As vendas no acumulado dos últimos sete meses cresceram 3,7%, menor nível para o período desde 2003 (-3,7%).

Outras Atividades

A pesquisa mostra ainda que a alta na comparação mensal foi disseminada, com variação positiva em oito das dez atividades analisadas. As maiores variações positivas ocorreram em tecidos, vestuários e calçados (5,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,9%), equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (3,5%), móveis e eletrodomésticos (2,6%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,8%).

Na outra ponta, as vendas no setor de veículos e motos, partes e peças teve queda de 3,5% em julho na comparação com junho. Na relação com o mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 1,8%, com participação de -16,7% na taxa do comércio varejista ampliado.

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No caso das vendas de material de construção, a alta foi de 0,8% na comparação com o mês anterior e de 10,6% em relação a julho de 2012.

Já o setor de combustíveis e lubrificantes apresentou queda de 0,4% na comparação mensal, mas alta de 7,5% na anual.