O desemprego recuou ligeiramente em agosto, mas não evitou que a taxa média dos oito primeiros meses do ano superasse a registrada em igual período de 2005, mostrou a Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O IBGE ponderou que, com a ajuda do período eleitoral, houve alguns sinais de melhora do mercado de trabalho, com aumento dos ocupados, do emprego formal e da renda. Já os analistas ressaltaram que a criação de vagas está aquém do necessário.
A previsão é de que a taxa recue até o final do ano, mas encerre 2006 em patamar superior ao de 2005.
O desemprego ficou em 10,6% em agosto, ante 10,7% em julho - que havia sido a maior taxa desde abril de 2005. A taxa média de janeiro a agosto ficou em 10,3%, frente a 10,1% no mesmo período do ano passado.
- Apesar de a taxa não ceder, o cenário é favorável para o mercado de trabalho - disse Cimar Pereira, economista do IBGE, citando a alta dos ocupados em 1,1% sobre julho e em 2,8% ante agosto de 2005, para 20,45 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas.
O rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 1.036,20, um crescimento de 0,7% em relação a julho, quando tinha caído 0,7% na comparação com o mês anterior. Em relação a agosto de 2005, o rendimento da população ocupada cresceu 3,5%.
Pereira destacou ainda que o nível de emprego com carteira assinada avançou 0,8% ante julho e 5,9% frente a agosto de 2005.
- O rendimento cresceu devido ao aumento real no salário mínimo, à inflação mais baixa e ao crescimento do trabalho com carteira assinada - disse.
Mas o emprego sem carteira também aumentou e o grupamento que mais contratou foi o de outros serviços, que engloba vagas em partidos políticos e comitês eleitorais.
- As eleições podem estar contribuindo para a criação de postos. Tem muita gente na rua trabalhando como bandeirola - disse Pereira.
POUCAS VAGAS
Analistas ressaltaram que a quase estabilidade da taxa de desemprego reflete mais pessoas à procura de emprego, mas que a criação de vagas tem sido insuficiente para absorvê-las.
- Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) já vinham mostrando e o dado (de desemprego) de hoje confirma que a abertura de novas vagas tem sido fraca - comentou Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimentos.
O número de desocupados ficou em 2,42 milhões, queda de 0,4% ante julho. Em relação a agosto de 2005, o total cresceu 17,2%.
Segundo Pereira, do IBGE, o perfil dos que estão buscando uma vaga no mercado é de pessoas com o ensino médio concluído, jovens (25 a 49 anos) que não são chefes de família e procuram trabalho há no máximo seis meses.
O segundo semestre costuma ser mais forte para a economia, pois, normalmente, a indústria se prepara no terceiro trimestre para atender às encomendas que o varejo negociará para as festas de final de ano.
- Daqui para o final do ano a tendência é de queda (do desemprego). Acho que não chega ao nível em que fechou o ano passado, de 8,3%, mas estimo algo entre 9% e 9,5% - disse Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.
A PME revelou que, em relação ao mesmo mês do ano passado, foi registrado um crescimento de 2,2% no número de pessoas em idade ativa, apontando um contingente de 39,7 milhões de pessoas no agregado das seis regiões metropolitanas em agosto.
Em relação à população ocupada (20,5 milhões), a pesquisa apontou aumento na comparação com julho (1,1%), ou mais 226 mil pessoas ocupadas em um mês. Em relação a agosto do ano passado a ocupação cresceu 2,8%.