O desemprego praticamente estável há três meses mostra que o mercado de trabalho brasileiro ainda sofre com os efeitos negativos da crise, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O organismo diz que os efeitos da turbulência se mostram sobretudo na estagnação na geração de emprego e no aumento da informalidade.
"Os efeitos da crise estão se espalhando no mercado de trabalho e afetando o bom desempenho que ele tinha antes da crise", avaliou o economista do IBGE, Cimar Pereira.
O IBGE informou nesta quinta-feira que em maio o desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas caiu para 8,8 por cento, ante 8,9 por cento em abril.
Foi a menor taxa desde fevereiro, mas ficou acima do patamar de maio do ano passado, quando era de 7,9 por cento. Analistas ouvidos pela Reuters esperavam taxa de 9,0 por cento.
"A taxa média no ano já se encontra significativamente acima da observada no mesmo período de 2008: 8,7 por cento ante 8,3 por cento em 2008", acrescentou Pereira.
"Está claro que 2009 é um ano menos favorável para o mercado de trabalho em razão da crise. A crise ainda deixa muitas interrogações no ar. Não se sabe até quando e até que ponto isso vai."
Trabalho Informal
Segundo o IBGE, a população em idade ativa cresceu nos cinco primeiros meses do ano 1,3 por cento, acima da geração do postos de trabalho que é de 0,9 por cento. "A geração de vagas é tão pífia esse ano que não supera nem o crescimento vegetativo", disse Pereira.
Outro sinal da degradação do mercado é a queda da formalidade e aumento da informalidade. Em maio, o emprego com carteira subiu apenas 0,2 por cento, enquanto que o emprego sem carteira aumentou 1,4 por cento.
No ano, o emprego com carteira avançou apenas 2,9 por cento, ante 8,6 por cento nos cinco primeiros meses de 2008.
"O mercado não está gerando muitas vagas como em 2008, e as vagas que são geradas são no mercado informal. Isso é um fenômeno típico de períodos de crise", destacou Pereira.
Em maio, a população ocupada totalizou 20,9 milhões de pessoas, variação positiva de 0,3 por cento na comparação mensal e de 0,2 por cento na anual. O número de desocupados ficou estável mês a mês e aumentou 13 por cento sobre o ano passado.
O rendimento médio real dos trabalhadores totalizou 1.311,70 reais, queda de 1,1 por cento ante abril e alta de 3 por cento sobre maio do ano passado.
Foi a quarta queda seguida no indicador. "O número de sem carteira aumentou, os formais, que pagam mais, estão diminuindo, e a indústria continua perdendo vagas", disse Pereira para explicar a queda da renda.