O desemprego no país teve a terceira queda seguida em agosto e atingiu o menor patamar desde 2002, quando teve início a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador passou de 6,9% em julho para 6,7% no mês passado, número que surpreendeu a maioria dos analistas. O rendimento médio dos trabalhadores, descontada a inflação, também bateu recorde no mês passado. A média para as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE a de Curitiba não entra no levantamento foi de R$ 1.472,10, com alta de 8,8% ante agosto do ano passado.
Essa é a primeira vez em que o recorde de emprego é batido no meio do ano. Tradicionalmente, dezembro registra os menores índices de desemprego, em razão da contratação de funcionários temporários e do dinamismo maior da economia. "O viés para o quarto trimestre é ainda mais otimista. Não devemos nos surpreender se a taxa no final do ano romper para baixo a faixa de 6%, podendo se situar em 5,8%", disse o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a taxa havia sido de 6,8%.
Para a consultoria LCA, os dados do mercado de trabalho geram preocupações adicionais em relação à política monetária do país no início do ano que vem. "A taxa baixa de desemprego e a evolução da renda mostram que a atividade econômica está mais dinâmica do que se esperava. Isso pode acabar encorajando maiores repasses de preços e inflação'', diz Fábio Romão, analista da LCA. Quando a inflação se acelera, o Banco Central tende a aumentar a taxa básica de juros, o que desestimula os gastos das famílias e das empresas, freando a economia e controlando os preços.
Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, afirma que o mercado de trabalho brasileiro está robusto. "Não só o nível de ocupação, mas também a qualidade do emprego está avançando." Segundo ele, as vagas formais avançam em ritmo mais rápido do que o da entrada de trabalhadores no mercado, o que tem contribuído para derrubar a desocupação. No mês passado, o emprego com carteira assinada teve incremento de 7,2% em relação a igual período de 2009. Educação, saúde e serviços estão entre os setores mais dinâmicos da economia.