IPEA
Informalidade caiu em 2009
Apesar do reflexo negativo da crise financeira internacional sobre o mercado de trabalho, que amargou em 2009 a menor abertura de vagas da década, os empregos criados no ano passado foram de maior qualidade, com ganho no poder de compra e aumento de postos com carteira de trabalho assinada.
O rendimento real médio atingiu R$ 1.068,39, o maior valor desde 2001, e a parcela dos trabalhadores com carteira, inclusive os domésticos e os militares e estatutários, subiu 7,2 pontos porcentuais em relação a 2008, empurrando a taxa de informalidade para 48,45% do total de trabalhadores, o menor nível da década.
Os dados fazem parte de análise do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), divulgada ontem, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. Diferentemente da metodologia do IBGE, o Ipea não considera como ocupadas as pessoas que trabalham para o consumo próprio ou construção.
O mercado de trabalho também ficou mais escolarizado. A participação dos trabalhadores com 11 anos ou mais de estudo teve um aumento 15 pontos porcentuais entre 2001 e 2009. Por outro lado, a fatia de trabalhadores com apenas três anos de estudo caiu nove pontos porcentuais nesse período. Já para os brasileiros com quatro a dez anos de estudo, a entrada no mercado de trabalho diminuiu em seis pontos porcentuais.
Agência Estado
O desemprego no país teve a terceira queda seguida em agosto e atingiu o menor patamar desde 2002, quando teve início a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador passou de 6,9% em julho para 6,7% no mês passado, número que surpreendeu a maioria dos analistas. O rendimento médio dos trabalhadores, descontada a inflação, também bateu recorde no mês passado. A média para as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE a de Curitiba não entra no levantamento foi de R$ 1.472,10, com alta de 8,8% ante agosto do ano passado.
Essa é a primeira vez em que o recorde de emprego é batido no meio do ano. Tradicionalmente, dezembro registra os menores índices de desemprego, em razão da contratação de funcionários temporários e do dinamismo maior da economia. "O viés para o quarto trimestre é ainda mais otimista. Não devemos nos surpreender se a taxa no final do ano romper para baixo a faixa de 6%, podendo se situar em 5,8%", disse o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a taxa havia sido de 6,8%.
Para a consultoria LCA, os dados do mercado de trabalho geram preocupações adicionais em relação à política monetária do país no início do ano que vem. "A taxa baixa de desemprego e a evolução da renda mostram que a atividade econômica está mais dinâmica do que se esperava. Isso pode acabar encorajando maiores repasses de preços e inflação'', diz Fábio Romão, analista da LCA. Quando a inflação se acelera, o Banco Central tende a aumentar a taxa básica de juros, o que desestimula os gastos das famílias e das empresas, freando a economia e controlando os preços.
Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, afirma que o mercado de trabalho brasileiro está robusto. "Não só o nível de ocupação, mas também a qualidade do emprego está avançando." Segundo ele, as vagas formais avançam em ritmo mais rápido do que o da entrada de trabalhadores no mercado, o que tem contribuído para derrubar a desocupação. No mês passado, o emprego com carteira assinada teve incremento de 7,2% em relação a igual período de 2009. Educação, saúde e serviços estão entre os setores mais dinâmicos da economia.
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