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Desemprego em queda faz pressão forte sobre inflação

Desemprego tem menor índice desde março de 2002. Veja no gráfico |
Desemprego tem menor índice desde março de 2002. Veja no gráfico (Foto: )
Confecção em Cianorte: empregos na indústria brasileira subiram 0,9%, número que, para analista, desmente temores de desindustrialização no país |

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Confecção em Cianorte: empregos na indústria brasileira subiram 0,9%, número que, para analista, desmente temores de desindustrialização no país

A queda da taxa de desemprego para a mínima histórica de 5,7% em novembro, anunciada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que "o mercado de trabalho segue bastante aquecido e pressiona fortemente a inflação", destaca a economista do Banco Santander Luiza Rodrigues, já que há mais dinheiro circulando na economia. "Há uma discussão sobre se o Brasil estaria em um processo de desindustrialização. Os números, no entanto, não mostram isso", diz ela, acrescentando que o número de empregados da indústria cresceu 0,9% em novembro. O setor tem alegado que a competição desigual dos produtos importados, beneficiados pelo dólar baixo, levaria ao fechamento de fábricas no Brasil.

Outro ponto que chamou a atenção de Luiza foi o recuo de 0,8% do rendimento médio real e de 0,6% da massa de renda real dos trabalhadores em novembro ante outubro. "Isso pode ter ocorrido por dois fatores", explicou. "O primeiro deles é a mudança no mix de trabalhadores. Houve diminuição do emprego nos setores financeiro e público, que costumam pagar salários mais altos, e aumento no comércio varejista e em serviços domésticos", diz.

A segunda explicação possível, prossegue Luiza, é que o IBGE utiliza o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para calcular a massa e o rendimento real. "Esse indicador é muito afetado por alimentos, que têm registrado alta de preços importante. Mas isso é temporário. Considerando a taxa de desemprego nesses níveis tão baixos, o trabalhador tem poder de barganha", afirma. Luiza calcula que a taxa de desemprego dessazonalizada tenha passado de 6,3% em outubro para 6,1% em novembro.

Para dezembro, ela projeta que a taxa, sem ajuste, recuará para 5%, sentindo o efeito das contratações temporárias típicas do mês. Já o desemprego médio mensal, estima, deve passar de 6,7% neste ano para 7,1% em 2011. "Isso seria resultado do aperto monetário e do consequente desaquecimento econômico", explica. O Santander projeta um ciclo de elevação da Selic em 2011, com início em janeiro, que deixará a taxa básica de juros em 13% em julho.

Pleno emprego

O gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse que a boa fase do mercado de trabalho no Rio de Janeiro foi a principal responsável pela taxa de desemprego do país ter atingido o menor nível da série histórica. A taxa de desocupação na região metropolitana passou de 5,7% para 4,9%. O porcentual também é o mais baixo da série e foi influenciado pelo aumento na geração de postos de trabalho no comércio. Com o número, o Rio de Janeiro passa a uma situação considerada de "pleno emprego" (quando a taxa de desemprego é inferior a 5%). A região metropolitana de Porto Alegre também tem pleno emprego, com taxa de 3,7% em novembro.

Os dados apresentados pelo IBGE mostram que, fora Recife, todos as outras cinco regiões metropolitanas pesquisas operam atualmente em seu menor patamar histórico. A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu em novembro o nível mais baixo da série histórica apurada pelo IBGE desde 2002, passando de 5,9% em outubro para 5,5% no mês passado. "Nunca o mercado de trabalho esteve tão bom quanto neste ano, não só pelo indicador de desocupação, mas também pela qualidade do emprego gerado", afirmou.

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