O cenário nebuloso da economia, influenciado pelo aumento do desemprego, fez com que a procura por cursos de extensão, pós e MBA aumentasse em Curitiba. Seja para garantir a permanência no trabalho atual ou atrás de capacitação por ter perdido o emprego, muitos profissionais estão investindo em cursos que vão desde gastronomia, passam por negócios digitais e chegam até a neuromarketing.
O professor Antonio Raimundo dos Santos, diretor de educação do Isae/FGV, afirma que a maior procura se dá pelos cursos livres de média duração, inclusive na modalidade à distância. “Há uma busca por capacitação com temáticas bem pontuais, para dar uma turbinada na carreira. São habilidades paralelas e úteis a qualquer profissão”, diz. Este tipo de curso dura em torno de seis meses, com média de 40 horas de carga horária.
De janeiro a outubro deste ano, Curitiba registrou saldo negativo de 18,3 mil postos de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A indústria foi o setor que mais fechou vagas (5.956), seguida pela construção civil (5.148). Já as cidades da região metropolitana perderam pouco mais de 26,9 mil postos de trabalho no mesmo período – 14 mil só no setor industrial.
Daniella Forster, coordenadora do PUC Talentos, diz que os profissionais querem cursos mais curtos e focados, que possam ser aproveitados imediatamente. “Eles fazem esses cursos para não perder o emprego. Às vezes a própria empresa tem a demanda interna e o funcionário tem de correr atrás para garantir o posto atual ou conseguir outro.”
Além dos cursos de extensão, os tradicionais de pós-graduação e MBA também são opção para quem está atrás de um novo trabalho. “Antes quando os alunos da pós perdiam a bolsa por terem sido demitidos, a maioria acabava desistindo. Agora a evasão nesses casos diminuiu. A pessoa vem e tenta negociar um desconto para continuar pagando e terminar o programa”, afirma Leandro Henrique de Souza, coordenador-geral da Pós-Graduação da Universidade Positivo.
O coordenador do mestrado em Desenvolvimento Econômico da UFPR, José Guilherme Silva Vieira, diz que muitos candidatos interessados no curso mostram preocupação com a carreira e buscam preparo para enfrentar novos desafios. “Eu acredito que isso é sim fruto da crise, pois a procura tem sido bem maior”, afirma.