• Carregando...
“Decidi que precisava fazer uma pós para me capacitar e trabalhar no que eu realmente quero”, justificou a psicóloga Luise Munhoz. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
“Decidi que precisava fazer uma pós para me capacitar e trabalhar no que eu realmente quero”, justificou a psicóloga Luise Munhoz.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O cenário nebuloso da economia, influenciado pelo aumento do desemprego, fez com que a procura por cursos de extensão, pós e MBA aumentasse em Curitiba. Seja para garantir a permanência no trabalho atual ou atrás de capacitação por ter perdido o emprego, muitos profissionais estão investindo em cursos que vão desde gastronomia, passam por negócios digitais e chegam até a neuromarketing.

“Estar estudando com certeza é um diferencial”

Assim que se formou em psicologia, a curitibana Luise Munhoz, de 25 anos, foi contratada por uma consultoria de recursos humanos (RH). Seis meses depois, no início da crise em dezembro do ano passado, foi mandada embora, seguida por uma série de demissões, que levou a companhia à falência. “Ali eu descobri que consultoria não era o que eu queria fazer e sim trabalhar no RH interno de uma multinacional. Por isso, decidi que precisava fazer uma pós para me capacitar para uma vaga dessa”, conta.

Em março, Luise começou a cursar Gestão Estratégica de Pessoas e já percebeu resultados ao pleitear uma vaga em grandes empresas. “Estou participando de diversos processos de trainee e com certeza um diferencial entre os participantes é estar estudando”, diz.

O professor Antonio Raimundo dos Santos, diretor de educação do Isae/FGV, afirma que a maior procura se dá pelos cursos livres de média duração, inclusive na modalidade à distância. “Há uma busca por capacitação com temáticas bem pontuais, para dar uma turbinada na carreira. São habilidades paralelas e úteis a qualquer profissão”, diz. Este tipo de curso dura em torno de seis meses, com média de 40 horas de carga horária.

De janeiro a outubro deste ano, Curitiba registrou saldo negativo de 18,3 mil postos de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A indústria foi o setor que mais fechou vagas (5.956), seguida pela construção civil (5.148). Já as cidades da região metropolitana perderam pouco mais de 26,9 mil postos de trabalho no mesmo período – 14 mil só no setor industrial.

Daniella Forster, coordenadora do PUC Talentos, diz que os profissionais querem cursos mais curtos e focados, que possam ser aproveitados imediatamente. “Eles fazem esses cursos para não perder o emprego. Às vezes a própria empresa tem a demanda interna e o funcionário tem de correr atrás para garantir o posto atual ou conseguir outro.”

9 milhões

brasileiros estão na fila do desemprego atualmente, segundo os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do IBGE . O salto no total de desocupados no terceiro trimestre do ano foi de 33,9% em relação ao terceiro trimestre de 2014, o equivalente a 2,274 milhões de pessoas a mais em busca de uma vaga. A taxa de desemprego no país aumentou de 6,8% para 8,9% no período.

Além dos cursos de extensão, os tradicionais de pós-graduação e MBA também são opção para quem está atrás de um novo trabalho. “Antes quando os alunos da pós perdiam a bolsa por terem sido demitidos, a maioria acabava desistindo. Agora a evasão nesses casos diminuiu. A pessoa vem e tenta negociar um desconto para continuar pagando e terminar o programa”, afirma Leandro Henrique de Souza, coordenador-geral da Pós-Graduação da Universidade Positivo.

O coordenador do mestrado em Desenvolvimento Econômico da UFPR, José Guilherme Silva Vieira, diz que muitos candidatos interessados no curso mostram preocupação com a carreira e buscam preparo para enfrentar novos desafios. “Eu acredito que isso é sim fruto da crise, pois a procura tem sido bem maior”, afirma.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]