O comportamento do mercado de trabalho em março confirmou que o país deve ter neste ano a menor média de desemprego da atual série histórica do IBGE, iniciada em 2002. A pesquisa de março mostra que a taxa de desocupação continua em níveis historicamente baixos apesar de ter subido em relação a fevereiro e com a renda em elevação. No mês passado, o desemprego ficou em 7,6%, pouco acima dos 7,4% de fevereiro, mas ainda assim o menor nível da série.Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego ficou em 7,4% no primeiro trimestre de 2010, também a menor marca da série histórica, que leva em conta dados das seis maiores regiões metropolitanas do país. Entre o primeiro trimestre de 2009 e os três meses iniciais de 2010 foram abertas 657 mil novas vagas mais do que todos os empregos formais da região metropolitana de Recife.
Indicador do volume de dinheiro injetado na economia, a massa salarial, por sua vez, cresceu 4%, mesmo ritmo de 2009, de janeiro a março quando atingiu a média de R$ 1.413 no país.
"Os números continuam mostrando um desempenho bastante positivo do emprego. Normalmente, temos um aumento por questões sazonais entre fevereiro e março", disse o economista do Banco ABC Brasil Felipe França. Esses dados, na avaliação de França, além de complementar o cenário otimista do emprego, reforçam a análise de que a demanda no país continua forte.
A sua dúvida, a partir de agora, é se ela continuará assim após a retirada dos estímulos criados para amenizar os efeitos da crise. Segundo os primeiros dados de atividade e demanda de abril captados pelo ABC Brasil, o cenário, por enquanto é de manutenção do aquecimento. "A parte da indústria e de vendas devem continuar em expansão."
Juros
Para especialistas, emprego e massa salarial em alta ao lado da expansão da produção da indústria, das vendas do comércio e do crédito reforçam a necessidade de elevação dos juros, que começou a ser feita na quarta-feira pelo Banco Central. Tal cenário, dizem, sustentará neste ano o consumo, que só deve arrefecer ao final de 2010, já sob impacto do aperto monetário.
"A expectativa é de contínuo aquecimento do mercado de trabalho. O consumo vai crescer e só sentirá a alta dos juros no final do ano", diz Aurélio Bicalho, economista do ItaúBBA. Segundo Thais Marzola Zara, da Rosenberg & Associados, a massa salarial está "muito forte" e continuará a sustentar o consumo, ainda mais em um cenário de melhora do emprego.
Tanto Zara como Bicalho dizem que sondagens da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Fundação Getulio Vargas (FGV) com empresários mostram a disposição de contratar mais nos próximos meses, o que impulsionará o emprego. No primeiro trimestre de 2010, a ocupação avançou 3,1%, mais do que o 0,7% do mesmo período de 2009.
Rafael Bacciotti, analista da Tendências, vê o mercado ainda aquecido, mas crê em um acomodação. "O crescimento do emprego e da renda vão se dar num ritmo mais brando do que no primeiro trimestre, mas suficiente para alavancar o consumo e o crescimento do PIB."
No caso da massa salarial, a perspetiva é de crescimento mais por conta da expansão do emprego do que da renda. Em março, o rendimento subiu 0,4% ante fevereiro e 1,5% sobre março de 2009. Fechou o primeiro trimestre com alta de 0,7%, abaixo dos 5,1% em igual período de 2009.
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