A procura por trabalho aumentou no trimestre encerrado em fevereiro, mas o ritmo de geração de vagas foi insuficiente para absorver todo esse contingente. Com isso, a taxa de desemprego em todo o país subiu para 7,4%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior taxa desde o trimestre até maio de 2013 (7,6%).
O rendimento, porém, continuou crescendo em relação ao ano passado e fechou o trimestre até fevereiro em R$ 1.817. A alta de 2,2% contra igual período de 2014, já descontada a inflação, é considerada por economistas um dos poucos pontos positivos no retrato atual do mercado de trabalho.
Em termos de emprego, a situação não é favorável. Até fevereiro de 2014, a taxa de desocupação era de 6,8%. Em um ano, 3,1 milhões de pessoas engrossaram a população em idade ativa (a partir de 14 anos). Enquanto metade delas migrou para a inatividade, a outra fatia partiu em busca de uma colocação. Mas a economia brasileira gerou apenas 818 mil vagas e outras 778 mil pessoas não conseguiram nenhum emprego. Por isso o aumento na taxa de desemprego.
“A pressão sobre o mercado de trabalho do lado da procura está muito mais forte [em relação a 2014]”, explicou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. “Embora tenham sido gerados postos de trabalho, isso não foi suficiente para conter a elevação da taxa de desocupação.”
Para especialistas, a tendência é de piora nos próximos meses, já que a desaceleração da economia deve levar cada vez mais brasileiros a sair em busca de uma vaga, sem garantias de encontrá-la. “O desemprego tem afetado mais setores como a construção e a indústria. Se o chefe de família começa a perder o emprego, ou fica inseguro em relação à manutenção do emprego, há uma pressão para que outras pessoas da casa voltem ao mercado de trabalho”, comentou o economista da Fundação Seade, Alexandre Loloian.
No ritmo atual, o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, projeta que a taxa de desemprego trimestral chegará a 8% em fevereiro de 2016. “São mais pessoas disputando um número de vagas bem menor.”
Ritmo intenso
Na evolução mensal, o retrato também mostra deterioração. O início do ano, normalmente marcado por dispensas de trabalhadores temporários, tem registrado fechamento de vagas em ritmo mais intenso do que o normal para a época. “Há uma queda maior do que em anos anteriores na ocupação. Além dos temporários, os efetivos podem ter ido [embora] junto”, analisou Azeredo.
Como os resultados da Pnad Contínua referem-se a trimestres móveis, há repetição de dois terços das informações coletadas quando é feita a comparação de um mês contra o mês imediatamente anterior. Mesmo assim, esse confronto indica a tendência para o mercado de trabalho, explicou o coordenador do IBGE.
Nos três meses até janeiro, a taxa de desocupação trimestral era menor, de 6,8%.