O chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, disse nesta terça-feira que a perspectiva para a combalida economia dos Estados Unidos está melhorando, mas políticas de apoio serão necessárias por algum tempo para evitar que o desemprego crescente mine a recuperação.
Ao apresentar o relatório semestral sobre a economia para o Congresso, Bernanke buscou dissipar preocupações de que um agressivo afrouxamento monetário do banco central norte-americano pode acabar alimentando a inflação, afirmando que está confiante de que o Fed pode desmontar suas políticas maciças de estímulo monetário no momento adequado.
"Melhores condições nos mercados financeiros têm sido acompanhadas por alguma melhora nas perspectivas econômicas", disse Bernanke ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados. "Apesar desses sinais positivos, a taxa de desemprego permanece alta."
Embora os gastos dos consumidores pareçam estar se estabilizando, o desemprego provavelmente permanecerá alto em 2011 e pode minar a frágil confiança do consumidor, alertou ele.
"(O Fed) acredita que a postura altamente condescendente da política monetária será apropriada por um período mais longo", disse Bernanke.
A avaliação moderada pesou sobre as bolsas de valores dos Estados Unidos, e os índices fecharam em altas pouco expressivas.
Mas os preços dos títulos do governo subiram depois que Bernanke jogou água fria na ideia de que o Fed deve começar a elevar as taxas este ano, embora também assegurando que os formuladores de política não deixarão o gênio da inflação sair da garrafa.
"Bernanke está tocando as notas certas na mente do mercado", disse Cary Leahey, economista da Decision Economics em Nova York. "Bernanke disse que há uma estratégia de saída do afrouxamento monetário se necessário, mas ele também afirmou ao Congresso que se preocupa em fazer com que a economia retome o passo."
"Temos as ferramentas necessárias"
O Fed cortou a taxa básica de juro norte-americano para perto de zero e duplicou o tamanho de seu balanço para cerca de 2 trilhões de dólares, enquanto injetava dinheiro na economia para combater uma recessão severa, após um pânico financeiro ter levado os mercados de crédito globais ao colapso no ano passado.
Alguns economistas, incluindo alguns formuladores de política monetária, estão preocupados que essa expansão dramática da liquidez e do crédito pelo Fed possa germinar as sementes para a inflação, enquanto a recuperação ganha força.
Bernanke, no entanto, disse que o banco central possui um arsenal à sua disposição para desmontar seu estímulo monetário sem precedentes, quando for a hora certa, ainda que seu balanço continue grande por algum tempo.
"O Fed tem devotado atenção considerável a questões relacionadas a sua estratégia de saída e estamos confiantes de que temos as ferramentas necessárias para implementar essa estratégia quando for apropriado", afirmou, reproduzindo os comentários que fez em artigo publicado na noite de segunda-feira no site do Wall Street Journal.
"Não vamos permitir que medidas abrangentes de circulação de dinheiro na economia aumentem a uma taxa rápida o suficiente para resultar em inflação."
Os parlamentares pressionaram Bernanke sobre um amplo conjunto de questões --da economia à reforma regulatória do sistema de saúde--, mas em geral o trataram com muito mais respeito do que na última vez em que ele participou de uma audiência no Congresso, sobre o papel do Fed na compra do Merrill Lynch pelo Bank of America.
"O Fed tem uma mão firme e metódica", disse ao deputado democrata Melvin Watt, da Carolina do Norte.
Bernanke afirmou ao comitê que os juros pagos sobre as reservas bancárias em posse do Fed desempenharão um papel chave ao ajudarem o banco central a apertar as condições monetárias quando for a hora. Através da elevação dos juros que a instituição paga, o Fed pode encorajar os bancos a deixar o capital em excesso no banco central norte-americano.
O relatório do Fed sobre a política monetária detalhou um número de outras medidas que Bernanke também ressaltou em seu artigo no jornal.