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Pesquisa

Desemprego se estabiliza e renda avança em agosto

Rio – Jovens com mais de 11 anos de estudo e que não são responsáveis pelo sustento da família. Esse é o perfil de quem procurou emprego no país em agosto. Estimulados pela melhoria nos indicadores de renda e formalidade, eles pressionaram o mercado de trabalho e impediram uma queda mais forte na taxa de desemprego, que ficou em 10,6% no mês, estável em relação a 10,7% de julho mas bem superior a agosto do ano passado (9,4%).

A taxa, apurada nas seis principais regiões metropolitanas do país – a região de Curitiba não faz parte da amostragem –, permanece sem variação significativa há seis meses. A estagnação não é avaliada negativamente por especialistas, que vêem evolução nos indicadores e apontam o aumento da ocupação em agosto como o dado mais positivo da pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Cimar Azeredo, gerente da pesquisa, o cenário "é muito favorável". Ele destaca que o que impede a queda na taxa de desemprego é a atual fase do mercado, com maior formalidade e alta no rendimento. "O mercado está mais atrativo. Mais pessoas estão batendo na porta do mercado de trabalho, em função do que estão vendo nele", disse.

O argumento é que a ocupação permanece em crescimento e registrou em agosto alta de 1,1% ante julho, o maior aumento mês a mês apurado desde maio de 2005. A variação corresponde à inserção de 226 mil pessoas no mercado de trabalho nas seis regiões de um mês para o outro. "É um aumento considerável", analisa.

O rendimento médio real dos trabalhadores chegou a R$ 1 036,20 em agosto, com alta de 0,7% ante julho e de 3,5% ante agosto do ano passado.

Guilherme Maia, analista da Tendências Consultoria, também avalia como positiva a conjuntura atual, o que torna os indicadores de renda e ocupação mais importantes do que a própria taxa de desemprego, que teria atingido um "ponto de equilíbrio" e só cairá de forma significativa após reformais estruturais, como da legislação trabalhista.

O analista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo de Ávila, observa que a alta do rendimento e da formalidade leva mais pessoas a buscar trabalho, impedindo a queda na taxa de desemprego. "Houve uma percepção de maior probabilidade de obter êxito na procura por emprego", disse.

Mas o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) criticou em documento a estagnação da taxa e alerta que "a conjuntura econômica não tem sido favorável para o emprego nas principais regiões metropolitanas brasileiras". O gerente da pesquisa do IBGE vê o contrário: "O cenário econômico é favorável ao mercado de trabalho, com mais formalidade, maior rendimento e geração de vagas", afirmou.

Segundo a pesquisa, dos 2,42 milhões de desocupados nas seis regiões em agosto, 46,4% tinham 11 anos ou mais de estudo; 55,8% eram mulheres; 46,5% tinham entre 25 a 49 anos de idade e 38,7% entre 18 e 24 anos; 74,5% não eram os principais responsáveis pelo domicílio e 80,3% já trabalharam anteriormente.

Para Azeredo, esse perfil mostra que o aumento da procura por uma vaga no mercado de trabalho não é resultado de "desespero", mas da atual atratividade desse mercado. A pesquisa revelou que o número de desocupados nas seis regiões caiu 0,4% ante julho, mas aumentou 17,2% ante agosto do ano passado (o equivalente a mais 355 mil pessoas em busca de uma vaga do que havia em igual mês de 2005).

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