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Desmatamos por uma das agriculturas mais produtivas do mundo, diz ministra

Katia defendeu que o ministério trabalhe para reduzir o desmatamento ilegal no Brasil. | Valter Campanato/Agência Brasil
Katia defendeu que o ministério trabalhe para reduzir o desmatamento ilegal no Brasil. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A ministra da Agricultura, Katia Abreu, afirmou que o desmatamento no país foi para criar “uma das melhores e mais produtivas agropecuárias do mundo”.

“Que bom seria se pudéssemos produzir tudo o que produzimos sem ter desmatado uma árvore. Era um sonho, uma utopia que não é verdadeira. Temos que assumir isso com muita tranquilidade porque desmatamos não foi para deixar as áreas ao vento e ao léu. Foi para fazer uma das melhores e mais produtivas agriculturas do mundo”, disse a ministra em balanço de fim de ano da pasta nesta quarta-feira (15).

Ela defendeu que o ministério trabalhe para reduzir o desmatamento ilegal no país, mas que é preciso “tirar o preconceito e as acusações vãs” sobre práticas agrícolas no Brasil.

A ministra afirmou que a crise política atrapalha a produção agrícola, mesmo com o setor se mantendo em crescimento, e defendeu que a polícia precisa continuar seu trabalho de investigação para punir responsáveis por erros, mas que é preciso ter paz para a produção.

Sem citar nomes, ela afirmou que “duas a três pessoas” estão paralisando o país no Congresso.

Kátia Abreu disse que não acredita no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo ela, o impedimento da presidente deve ser por um fato. “Aqui, decidiram pelo impeachment e estão procurando um fato. A posição está invertida. A presidente não praticou nenhum ato que justifique o impeachment”, afirmou a ministra.

CUSTOS

Segundo a ministra, o ministério fez um corte de R$ 370 milhões em despesas consideradas desnecessárias, como a redução pela metade dos custos de passagens e diárias, para fazer investimentos nas áreas fins da pasta, como defesa agropecuária e pesquisa. A tentativa é aumentar o número de países que retiram restrições à importação brasileira com liberação prévia de licenças.

Um dos cortes do orçamento veio da fusão com a pasta da Pesca, que foi incorporada ao ministério com redução dos ministérios feita pela presidente Dilma este ano. O aluguel de um prédio da Pesca que custava R$ 800 mil por mês foi cancelado. O contrato de terceirização da antiga pasta foi reduzido em 70%.

Segundo a ministra, a prioridade para 2016 será o investimento em pesquisa na Embrapa, a estatal de pesquisa no setor. Katia Abreu afirmou que fará tudo para cumprir o orçamento da empresa que pede entre R$ 50 milhões e R$ 70 milhões para manter o trabalho de desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas. O ministério também promete implementar processo eletrônico em todas as áreas para acabar com os procedimentos em papel.

“Estamos procurando trazer ares de modernidade [para o ministério]. Por que o serviço público tem que ser pior que o privado?”, disse a ministra lembrando que vai continuar enfrentando corporações para fazer reformas na instituição.

A ministra também revelou que está animada com a mudança na presidência da Argentina para avançar com negociações de livre comércio dentro do Mercosul. Mas ela afirmou que vai seguir a agenda do ministério para realizar com os EUA e a União Europeia acordos para reduzir barreiras sanitárias e fito sanitárias dessas regiões. Além disso, serão ampliados acordos agrícolas com o México e a Índia.

SEGURO RURAL

A ministra disse ainda que vai trabalhar para que o Seguro Rural tenha R$ 1 bilhão em verbas para 2016, como pede o setor. Esse seguro garante o produtor em caso de quebra de safra por eventos climáticos. A intenção do governo é atingir 2/3 das áreas do país onde há risco maior de quebra de safra. O governo colocou apenas R$ 400 milhões no orçamento.

De acordo com Abreu, além do dinheiro já garantido no orçamento, foram deslocados R$ 350 milhões de outra área da pasta e mais R$ 100 milhões de emenda parlamentar. Os outros R$ 150 milhões, segundo a ministra, virão da venda de estoques de café e milho da Conab.

Segundo a ministra, a expectativa é obter R$ 800 milhões com essa venda de estoques para segurança alimentar, que segundo ela não são necessários no país. Mas a venda só será feita em momentos em que não esteja sendo feita a colheita, por exemplo, para não reduzir os preços dos produtores.

Segundo as estimativas do ministério, o PIB do setor agropecuário do país vai crescer em 2016 entre 1,5% e 2%, ao contrário das previsões de crescimento do PIB que deverá cair em 2016, segundo as projeções oficiais.

CONGRESSO

Kátia Abreu informou que para 2016 pretende enviar ao Congresso uma nova lei agrícola nacional, com a intenção de criar uma política permanente para a agricultura no país, com metas plurianuais.

Segundo ela, é preciso dar previsibilidade para a produção nacional para transformá-la numa agricultura desenvolvida.

Perguntada se ter jogado vinho no senador José Serra (PSDB-SP) num evento de senadores na semana passada poderia atrapalhar as negociações com o Congresso, Kátia respondeu: “Não sei. Vamos ver”.

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