Nos últimos doze meses, algumas companhias conseguiram fazer suas campanhas publicitárias se destacar em meio a tantos outras. Muitas vezes, elas não foram nem as melhores, nem as piores, mas viraram notícia. Confira:
1. Heineken Campanha: Spectre
Agência: Wieden+Kennedy
Ao custo de mais de R$ 350 milhões, a cervejaria holandesa colocou o personagem James Bond - rotulado de misógino por feministas - ao lado de uma mulher na propaganda veiculada mundialmente. Receita de uma tragédia, não fosse o detalhe de que a moça salva o agente secreto das garras de vilões e, de quebra, leva até ele duas garrafas de cerveja. Prova de que as marcas acordaram para as consumidoras.
Resultado: A campanha agradou público e crítica ao redor do planeta, mas não foi unânime. Quem reclamou? Alguns fãs da série 007, que não aprovam as aparições do espião em comerciais.
2. Sadia (BRF ) Campanha: “Ode à Comida”
Agência: F/Nazca Saatchi & Saatchi
Com trilha sonora que lembra filme de fantasia e cenários escuros, a propaganda tenta despertar o consumidor para o mundo de magia da culinária. A vigor, da concorrente J&S, não gostou da peça publicitária, alegando que copia elementos do vídeo “Faça sua mágica”, da manteiga dinamarquesa Lurpak, vendida pela marca no Brasil.
Resultado: Lançada em agosto, a campanha da Sadia foi suspensa pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) em outubro e segue fora do ar. Ainda cabe recurso.
3. Bombril Campanha: “Toda mulher é uma diva”
Agência: DPZ&T
No vídeo, Ivete Sangalo e as humoristas Monica Iozzi e Dani Calabresa fazem piada com os homens. “Ixe, esses daí nem com todos os produtos da Bombril para ajudar na casa”, diz a cantora baiana, após Calabresa mencionar o sexo oposto. Nem todo mundo achou graça e o Conar recebeu muitas reclamações de “discriminação de gênero” e “deboche da figura masculina”.
Resultado: O processo foi arquivado por unanimidade. Já a Bombril afirmou que a campanha foi “desenvolvida para valorizar o protagonismo feminino”.
4. O Boticário Campanha: “Casais”
Agência: AlmapBBDO
Para o Dia dos Namorados, a rede de perfumes e cosméticos decidiu retratar a troca de presentes entre casais hétero e homossexuais. Foi o que bastou para grupos conservadores iniciarem uma campanha de boicote aos produtos da marca, contestando a moralidade da ação publicitária. A disputa entre defensores e críticos do comercial dominou as conversas nas três semanas anteriores.
Resultado: Depois de muitas reclamações, o Conar abriu processo para avaliar a propaganda e, por unanimidade, decidiu pelo arquivamento com base na defesa da “tolerância e da liberdade de expressão”. O vídeo no YouTube ultrapassa 3,6 milhões de visualizações, dando força para O Boticário manter a posição de apoio à diversidade sexual.
5. Itaipava (Grupo Petrópolis) Campanha: “O Verão é nosso”
Agência: Young & Rubicam Brasil
Nos filmes, a bailarina Aline Riscado interpreta Vera. A personagem trabalha como garçonete em um bar na beira da praia e abusa da sensualidade para agradar os clientes, sempre homens. Em um cartaz, ela segura uma garrafa pequena de cerveja logo abaixo da mensagem “300 ml”, enquanto mostra uma embalagem perto do texto “350 ml”. Perto dos seios, há a inscrição “600 ml”. Abaixo, a propaganda traz a mensagem “Faça a sua escolha”. A campanha recebeu muitas críticas pelo tom machista e pela objetificação da mulher.
Resultado: O cartaz foi suspenso pelo Conar, que considerou que houve “apelo excessivo à sensualidade”.
6. Novalfem (Sanofi) Campanha: “#SEMMiMiMi”
Agência: Publicis
Uma marca de remédio contra cólica menstrual faz uma campanha publicitária em que chama as reclamações de dores de “mimimi”. Pode dar certo? Difícil, não é? Foi o caso da propaganda do Novalfem, estrelada pela cantora Preta Gil e veiculada no Facebook e no YouTube.
Resultado: Muitos comentários depois - quase todos negativos - e a campanha foi cancelada em poucos dias. Pode não ter agradado, mas o remédio pelo menos se tornou mais conhecido.
7. Petrobras Campanha: “Ontem, hoje e sempre superando desafios”
Agência: NBS
Com a imagem abalada após escândalos de corrupção, a Petrobras lançou uma ofensiva publicitária em tom épico. A ideia era apresentar a série de más notícias reveladas pela Operação Lava Jato como mais um obstáculo na trajetória de mais de 60 anos da empresa. O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), entretanto, fez uma representação contra a campanha no Conar, classificando-a de “mentirosa”
Resultado: O conselho que regulamenta a publicidade decidiu que a peça poderia provocar confusão ao comparar fatos históricos com denúncias de desvios. A Petrobras foi forçada a alterar o comercial.
8. Skol (Ambev ) Campanha: “Esqueci o não”
Agência: F/Nazca Saatchi & Saatchi
Carnaval é sinônimo de alegria, mas para a Skol, as lembranças de 2015 são amargas. Uma campanha de cartazes exibidos em pontos de ônibus se tornou alvo de críticas após a publicitária Pri Ferrari e a jornalista Mila Alves publicarem uma intervenção em redes sociais. A razão é de que a frase “Esqueci o ‘não’ em casa” poderia ser interpretada como apologia ao estupro.
Resultado: Após a reação nas mídias sociais, a Skol recuou e alterou a campanha. O “Esqueci o não” deu lugar a “Não deu jogo. Tire o time de Campo” ou “Quando um não quer, o outro vai dançar”, acompanhado da assinatura: “Neste Carnaval, respeite”.
9. Risqué (ex-Hypermarcas, agora Coty ) Campanha: “Homens que amamos”
Agência: marketing interno
A marca batizou seus esmaltes com nomes de ações masculinas supostamente agradáveis, como “Leo mandou flores” e “André fez o jantar”. Houve furor nas redes sociais, onde pessoas questionaram se as atitudes corriqueiras seriam dignos de homenagens da Risqué. Em seguida, internautas inverteram a campanha e usaram o formato para criticar comportamentos machistas.
Resultado: A empresa aceitou as críticas pela propaganda, mas manteve a campanha.
10. Seara (JBS ) Campanha: Família
Agência: WMcCann
Em uma padaria, mãe e filhos se dirigem ao balcão. “Bom dia, me vê duzentos gramas de presunto, por favor?” As crianças dão a dica: começa com “S” e termina com “A”. O atendente responde “Seara, lógico!”, para surpresa do telespectador, que esperava o nome da concorrente Sadia. A BRF, dona da marca rival, não gostou da brincadeira e acionou a Justiça.
Resultado: A Sadia obteve a suspensão da campanha da Seara; porém o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo mais tarde liberou a publicidade.