Após a enxurrada de denúncias de falsos descontos no ano passado, que levou à autuação de sete empresas pelo Procon-SP, o grupo de lojas virtuais associadas ao site Busca Descontos promete uma Black Friday mais transparente no dia 29. O site afirma que usará ferramentas para filtrar descontos, o que asseguraria que os preços serão os menores praticados pelas lojas no ano. Também anunciou um código de ética que lojas parceiras teriam se comprometido a seguir.
Com base nessa tentativa de melhorar a reputação da ação, e no gosto do brasileiro por compras de impulso, o site quer dobrar o número de lojas participantes para 120. A expectativa é movimentar R$ 340 milhões em vendas. Em torno de 6 mil itens estarão em oferta a partir da meia-noite de sexta-feira. Essa será, no Brasil, a maior ação baseada na tradição do comércio norte-americano de liquidar produtos após o feriado de Ação de Graças. Outras lojas farão iniciativas individuais.
O criador do Busca Descontos, Pedro Eugenio, reconhece que as lojas autuadas não foram vetadas de participar em 2013. São elas: livraria Saraiva; a SBF, de itens esportivos; a Dell, de informática; Girafa, Carrefour, Fast Shop e Magazine Luiza. Quatro já confirmaram participação neste ano (Dell, Magazine Luiza, Girafa e Saraiva). Segundo o Procon-SP, as lojas forjaram descontos e estão respondendo administrativamente. O órgão não informou o andamento dos processos.
Eugenio afirma que as lojas prometeram transparência desta vez. "O consumidor não é burro, ele tem informação. As lojas que fizeram a maquiagem viram que é a pior coisa que se pode fazer. É o mesmo que ser queimado em praça pública. O consumidor não volta", argumenta.
Queixas
Ainda assim, Eugenio acredita que o número de reclamações levadas ao Procon-SP foram poucas, comparadas às vendas que movimentaram cerca de R$ 217 milhões. O empresário diz que as únicas lojas barradas são as que estão na chamada "lista negra" do órgão estadual.
Lista negra
A lista reúne mais de 300 lojas que acumulam denúncias de fraudes e mau atendimento. A maioria está fora do ar.
O assessor-chefe do Procon-SP, Renan Ferraciolli, avalia que as ações do site para melhorar o nome do evento dizem pouco à entidade. "Não é necessário código de ética, basta que se use a lei", resume. Para o assessor do Procon-SP, a escolha por barrar sites com acúmulo de denúncias "era o mínimo que poderia ser feito". "Se fossem poucos os problemas, os consumidores não se revoltariam no nível que se revoltaram", afirma.
Piadas na internet
No ano passado, as denúncias sobre descontos maquiados na Black Friday do Busca Descontos renderam perfis nas redes sociais Twitter e Facebook com nomes como Black Fraudes e Tudo pela Metade do Dobro. Alguns perfis, como o Black Fraude Brasil, no Facebook, já foram reativados à espera da promoção de sexta. Consumidores que se aborreceram no ano passado afirmam que evitarão as lojas que renderam problemas, mas não as promoções. O advogado Bruno Augusto Gonçalves Vianna, 35 anos, morador de Curitiba, conta que pretende olhar as ofertas, mas passará longe da loja de brinquedos que pediu diversos documentos para comprovação de uma compra por cartão de crédito, inviabilizando a entrega. "Naquela loja eu não compro mais", afirma.