A ministra das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina, Diana Mondino, afirmou na sexta-feira que as negociações sobre o acordo comercial entre os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia) e da União Europeia (UE) continuam avançando, apesar dos “mal-entendidos” entre as políticas agrícolas latino-americanas e europeias. “O tratado é quase um ‘sim’, mas ainda é um ‘não’”, disse a chanceler argentina, rindo, em um evento em Córdoba (centro da Argentina). “A questão é que há muitos de nós que precisam abrir mão de algo para que o outro não fique mal”, acrescentou.
Entre os “mal-entendidos” mencionados, a chanceler citou a Política Agrícola Comum (PAC) da UE e reconheceu as preocupações de “muitos agricultores europeus que consideram que esse instrumento regulatório comunitário está em perigo por causa do acordo com o Mercosul; está em perigo porque eles também têm um déficit”, acrescentou Mondino, que criticou o que chamou de “mitos” gerados em torno do acordo. “Foram gerados mitos, como o da Amazônia, que são exageros”, afirmou, ao se referir a uma das principais ressalvas da Europa em relação à assinatura do acordo: a denúncia do desmatamento na Amazônia.
O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou recentemente que o acordo negociado em 2019 entre os dois blocos “não é bom para ninguém, é obsoleto e completamente contraditório porque não leva em conta a biodiversidade nem o clima”. Em outras ocasiões, no entanto, o francês foi mais explícito ao dizer que o texto era prejudicial ao setor agrícola local, fortemente subsidiado e que vem realizado uma série de protestos não apenas na França, mas em toda a Europa.
Apesar das declarações de Macron, a Comissão Europeia insistiu em sua disposição de manter seu “engajamento construtivo com o objetivo de levar o acordo a uma conclusão bem-sucedida o mais rápido possível”. No caso dos membros do Mercosul, Brasil e Uruguai enfatizaram interesse em reavivar o acordo, embora os brasileiros queiram restringir ou impedir a competição dos europeus nas compras governamentais, supostamente para beneficiar a indústria local. Já o Paraguai – que preside temporariamente o bloco sul-americano – demonstrou desconfiança.
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