Quando uma editora pediu que transformasse em livro as dicas sobre previdência privada que dá em suas aparições na rádio CBN, o professor Renato Follador lembrou-se de um livro de culinária que a sua avó tinha. "Lá dizia que, se você errasse uma colher de farinha, estragaria todo o bolo", conta. A dica de cozinha serviu como referência para Uma receita de previdência e finanças para seu projeto de vida (Editora Atlas, 168 páginas, R$ 45), lançado há poucas semanas. Está passada a mensagem: nas finanças, como na gastronomia, é preciso ter disciplina e paciência para chegar ao resultado almejado.
Em seus quase 30 anos dedicados à previdência e às finanças, Follador descobriu que existem dois erros fundamentais que as pessoas cometem. Primeiro, elas deixam de estabelecer objetivos claros para a sua poupança. Isso faz toda a diferença, principalmente no que se refere a prazos. Há objetivos que podem ser atingidos no curto prazo, como a compra de uma tevê nova. Outros exigem meses ou anos de programação, como uma viagem especial, a compra de um carro novo ou de um imóvel. E há projetos que são para a vida inteira. "Todo mundo deveria ter pelo menos um projeto de longo prazo, que é a aposentadoria", diz.
Aí é que se concentra a energia desse homem bem humorado e diligente, que desde 1987 atua na área previdenciária. Hoje um dos principais nomes na área do Brasil, testemunhou mudanças muito grandes no segmento de previdência privada. Mais do que isso: participou da transformação da mente dos brasileiros antes, devastados por inflação e políticas governamentais imprevisíveis; hoje, capazes de planejar seu futuro financeiro.
"Pense nisso"
É uma pena que tantos brasileiros ainda tenham tanta dificuldade para isso. O alto comprometimento da renda dos brasileiros com dívidas é prova de que as coisas não andam bem. Pensando nesses "enforcados", Follador recheou a obra com dicas diretas para o sujeito que está cheio de dívidas, para o que está rumando para o equilíbrio e para o que está com recursos disponíveis para investir. "Uso bastante a fórmula pense nisso, pense naquilo, corte ali... É preciso chamar atenção para alguns itens, porque há conceitos básicos que muita gente ainda não domina", comenta.
O segundo erro fundamental que as pessoas conhecem é justamente esse não dar a devida atenção a informações básicas. "Literatura acadêmica sobre previdência e finanças existe. Mas as pessoas que precisam dos serviços acabam sendo enganadas pelos agentes financeiros, porque não buscam informação", diz Follador.