Follador: “Todo mundo deveria ter pelo menos um projeto de longo prazo, que é a aposentadoria”| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Investimento

"Área de imóvel sem uso é dinheiro rasgado"

Sem buscar informação correta, conta o especialista, as pessoas aplicam seus recursos de modo errado. Ele dá um exemplo do mercado de imóveis. "Um grande pecado que a gente comete na vida é copiar os erros de nossos pais e avós na compra de imóveis", observa. "No tempo deles era comum ter casas ou apartamentos com uma sala de visitas que ficava sempre fechada e era usada uma vez por mês, no máximo. E com quarto de visitas, para ser usado na eventualidade de receber alguém, coisa que acontecia uma ou duas vezes por ano", conta.

Cada metro quadrado sem uso no imóvel é um valor imobilizado, que poderia estar rendendo se fosse aplicado de outra forma. "Hoje você tem de ter no imóvel a área que você vai usar realmente, se não está rasgando dinheiro, os imóveis custam muito caro", explica o especialista. "Os valores variam de acordo com o padrão do imóvel, mas investindo o preço de uma sala a mais, você constrói uma aposentadoria, ao longo de trinta anos." É a mágica dos juros sobre juros, que podem transformar valores modestos em capital consistente ao logo do tempo.

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Quando uma editora pediu que transformasse em livro as dicas sobre previdência privada que dá em suas aparições na rádio CBN, o professor Renato Follador lembrou-se de um livro de culinária que a sua avó tinha. "Lá dizia que, se você errasse uma colher de farinha, estragaria todo o bolo", conta. A dica de cozinha serviu como referência para Uma receita de previdência e finanças para seu projeto de vida (Editora Atlas, 168 páginas, R$ 45), lançado há poucas semanas. Está passada a mensagem: nas finanças, como na gastronomia, é preciso ter disciplina e paciência para chegar ao resultado almejado.

Em seus quase 30 anos dedicados à previdência e às finanças, Follador descobriu que existem dois erros fundamentais que as pessoas cometem. Primeiro, elas deixam de estabelecer objetivos claros para a sua poupança. Isso faz toda a diferença, principalmente no que se refere a prazos. Há objetivos que podem ser atingidos no curto prazo, como a compra de uma tevê nova. Outros exigem meses ou anos de programação, como uma viagem especial, a compra de um carro novo ou de um imóvel. E há projetos que são para a vida inteira. "Todo mundo deveria ter pelo menos um projeto de longo prazo, que é a aposentadoria", diz.

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Aí é que se concentra a energia desse homem bem humorado e diligente, que desde 1987 atua na área previdenciária. Hoje um dos principais nomes na área do Brasil, testemunhou mudanças muito grandes no segmento de previdência privada. Mais do que isso: participou da transformação da mente dos brasileiros – antes, devastados por inflação e políticas governamentais imprevisíveis; hoje, capazes de planejar seu futuro financeiro.

"Pense nisso"

É uma pena que tantos brasileiros ainda tenham tanta dificuldade para isso. O alto comprometimento da renda dos brasileiros com dívidas é prova de que as coisas não andam bem. Pensando nesses "enforcados", Follador recheou a obra com dicas diretas para o sujeito que está cheio de dívidas, para o que está rumando para o equilíbrio e para o que está com recursos disponíveis para investir. "Uso bastante a fórmula ‘pense nisso’, ‘ pense naquilo’, ‘corte ali’... É preciso chamar atenção para alguns itens, porque há conceitos básicos que muita gente ainda não domina", comenta.

O segundo erro fundamental que as pessoas conhecem é justamente esse – não dar a devida atenção a informações básicas. "Literatura acadêmica sobre previdência e finanças existe. Mas as pessoas que precisam dos serviços acabam sendo enganadas pelos agentes financeiros, porque não buscam informação", diz Follador.