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Só a inauguração de novas refinarias dará algum alívio à oferta de diesel no país, hoje garantida apenas com importações | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Só a inauguração de novas refinarias dará algum alívio à oferta de diesel no país, hoje garantida apenas com importações| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

A defasagem de preço do diesel vendido pela Petrobras chega a 23% em relação à cotação do produto nas refinarias do Golfo dos Estados Unidos, mesmo após o reajuste anunciado no mês passado, segundo estudo obtido pela agência Reuters.

No caso da gasolina, a defasagem atual é de 14,7%, de acordo com dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), calculados com base na cotação do petróleo e do câmbio desta quinta-feira (12).

Os valores dos combustíveis nos Estados Unidos são reajustados semanalmente de acordo com a variação do petróleo, o que mostra que a paridade com os valores internacionais perseguida pela Petrobras ainda é uma meta distante.

"A defasagem do diesel é o grande problema da Petrobras, maior mesmo que o problema da gasolina. A economia do Brasil é movida a diesel", disse o diretor do Cbie, Adriano Pires.

A defasagem atual já considera o último aumento de preços, de 7,83% da gasolina e de 3,94% do diesel nas refinarias, desde 25 de junho. Antes da correção, a defasagem variava entre 20% e 30%, dependendo do combustível.

O diesel, além de ter o percentual de defasagem mais elevado, é o produto com maior participação no faturamento da Petrobras, de cerca de 27% da receita total da estatal, segundo a corretora Planner.

Para atender à crescente demanda interna por combustíveis, a Petrobras importa pelas cotações internacionais, mas revende a preços mais baixos.

Para a corretora Planner, com a presente defasagem de preços, a estatal perde R$ 17,4 bilhões por ano de receitas.

"Estimamos ainda que esta perda de receita tenha um impacto de R$ 2,4 bilhões de reais no lucro líquido/ano da companhia", disse a corretora em relatório.

Documento do Deutsche Bank aponta pouco efeito dos reajustes da gasolina e do diesel anunciados pela estatal sobre os seus resultados.

A estimativa do banco é de uma alta de apenas 3% no lucro líquido anual da companhia, para US$ 14,638 bilhões neste ano, ante estimativa anterior de US$ 14,216 bilhões.

Novo Reajuste

Dentre as opções para o alívio do caixa da estatal está a possibilidade de um novo reajuste para eliminar a diferença, considerada pelos especialistas como inviável devido à proximidade com as eleições de outubro.

O diretor do Cbie, Adriano Pires, disse que apesar da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, ter dito recentemente que busca no mercado interno a paridade de preços dos combustíveis com o mercado internacional, ele não acredita em novos reajustes da gasolina e diesel no curto prazo.

"Não acredito que o governo mexa nos preços dos combustíveis em um período próximo das eleições", disse Pires. "O governo já zerou a CIDE (contribuição que incidia sobre os combustíveis) no último reajuste e não tem mais como manobrar para evitar o repasse ao consumidor", completou.

No dia seguinte ao anúncio da correção dos preços da gasolina e diesel, as ações da Petrobras caíram quase 9%, maior queda diária desde novembro de 2008, justamente porque o mercado considerou os índices insatisfatórios.

Etanol

Outra opção para aliviar a Petrobras seria o aumento da mistura do etanol na gasolina, dos atuais 20% para 25%, estratégia ameaçada pelo fraco desempenho do setor sucroalcooleiro no ano.

Lucas Brendler, analista da corretora Geração Futura, diz que o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina para 25% aliviaria o caixa da Petrobras. "As contas com importação de gasolina são o maior impacto na lucratividade da empresa. Uma redução de 5 por cento nessas importações aliviariam."

Na segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a mistura do etanol na gasolina poderá subir se a produção de cana-de-açúcar aumentar o suficiente para tanto.

Mas dados sobre o setor sucroalcooleiro divulgados pela Unica nesta quinta-feira mostram que há um atraso na moagem de cana neste ano devido às chuvas, o que provocou até o final de junho uma queda de 28% na safra 2012/2013 frente ao ano anterior.

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