A recessão e o longo período de inflação alta ampliaram a distância entre as remunerações do funcionalismo público e dos empregados do setor privado.
Segundo a Pnad Contínua, do IBGE, o rendimento médio mensal dos brasileiros que trabalham no setor público (União, estados e municípios) chegou a R$ 3.309 no trimestre encerrado em janeiro, 68% acima do ganho dos empregados com carteira assinada da iniciativa privada (R$ 1.965). Essa é a maior diferença de toda a série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012.
No trimestre encerrado em janeiro de 2014, pouco antes do início da recessão, os funcionários do setor público ganhavam em média R$ 3.159, em valores corrigidos pela inflação, cerca de 61% mais que os trabalhadores formais das empresas privadas (R$ 1.963). No início de 2015, a diferença subiu para 62% e, no mesmo período de 2016, chegou a 64%.
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O aumento da disparidade está relacionado ao impacto da crise e da inflação sobre o setor privado. Com receitas menores por causa da recessão, muitas empresas não repassaram aos salários dos funcionários toda a inflação acumulada – que chegou a passar de 10% ao ano entre o fim de 2015 e o início de 2016. Ao mesmo tempo, as demissões de funcionários com mais tempo de casa ajudaram a puxar para baixo a remuneração média.
O efeito estatístico provocado pela saída de funcionários mais “caros” é menor no setor público, por causa da estabilidade de emprego. Além disso, os indicadores do IBGE revelam que a partir de meados de 2016 o rendimento do funcionalismo subiu bem acima da inflação, apesar da situação delicada das contas públicas.
Ao mesmo tempo em que pregava austeridade, Michel Temer autorizou reajustes para várias categorias do funcionalismo, com impacto bilionário sobre as contas públicas. Em julho, o presidente sancionou um aumento de 41,5%, escalonado em oito parcelas, para servidores do Poder Judiciário. Em dezembro, reajustou por medida provisória os salários de oito categorias de servidores, entre eles auditores fiscais da Receita Federal, diplomatas e comandantes das Forças Armadas.
Aumento real
O dado do trimestre encerrado em janeiro revela que, desde o início de 2016, os ganhos dos servidores subiram 3,3% em termos reais, já descontada a inflação. No mesmo intervalo, a remuneração média dos trabalhadores do setor privado com carteira assinada avançou apenas 0,3%.
Ainda pior foi a evolução dos rendimentos das outras categorias pesquisadas pelo IBGE. Em 12 meses, o ganho mensal real dos trabalhadores domésticos encolheu 0,7%, chegando a R$ 820. O rendimento dos empregadores baixou 1%, para R$ 5.089 por mês. O dos empregados sem carteira caiu 2,3%, para R$ 1.195. E a remuneração dos ocupados por conta própria diminuiu 3,6%, para R$ 1.522.
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