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Petrobras

Dilma busca blindagem política com Bendine, mas desenha Conselho com cara de mercado

Aldemir Bendine assume lugar antes ocupado por Graça Foster, que saiu desgastada por denúncias de corrupção na estatal | Valter Campanato/Agência Brasil
Aldemir Bendine assume lugar antes ocupado por Graça Foster, que saiu desgastada por denúncias de corrupção na estatal (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A escolha de Aldemir Bendine para presidir a Petrobras, feita sob pressão e entre poucas opções, busca blindar o governo do escândalo de corrupção que atinge a estatal, mas a presidente Dilma Rousseff desenha um Conselho de Administração mais voltado ao mercado para equilibrar o comando da estatal, disse à Reuters um ministro nesta sexta-feira (6).

"Diante da grande crise que vive a Petrobras, ela decidiu que era melhor colocar Bendine, que tem maior capacidade de suportar pressões", disse à Reuters o ministro, sob condição de anonimato.

Além de Bendine, apenas o nome de Murilo Ferreira, presidente da Vale, estava em análise para comandar a petroleira, disse a fonte.

Reação

A escolha de Bendine desapontou investidores, que esperavam um nome do mercado para recuperar a imagem arranhada da petroleira. As ações preferenciais da estatal fecharam em queda de quase 7%, enquanto as ordinárias caíram 6,5%.

A busca por novos nomes para o Conselho de Administração, atualmente presidido pelo ex-ministro Guido Mantega, será liderada pelo atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Também são membros do Conselho indicados pelo governo a ex-ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. No final do ano passado, Dilma disse que mudaria todo o Conselho da estatal.

Dilma não queria substituir Graça Foster no comando da empresa, mas percebeu que a executiva, sua amiga pessoal, não tinha mais condições emocionais de continuar no cargo e aceitou seu pedido de demissão.

A presidente havia desenhado uma saída suave para Graça Foster, permitindo que ela encontrasse uma solução para divulgação do balanço contábil auditado da Petrobras.

O cronograma acertado entre as duas, no entanto, não foi aceito por outros cinco diretores, que com a executiva apresentaram demissão coletiva na manhã da quarta-feira, cerca de 48 horas antes da reunião do Conselho de Administração nesta sexta.

Diante deste cenário, Dilma se viu obrigada a escolher um nome de sua confiança para assumir o comando da estatal, que vive a sua maior crise em meio a denúncias de corrupção. "A presidente foi levada a substituir a Graça, ela não queria", disse a fonte.

Confiança

"A principal empresa do Brasil tem que ser presidida por alguém que ela conheça e confie", acrescentou. Bendine não é uma opção temporária para a Petrobras, garantiu esse ministro.

Pesou também a favor de Bendine seu desempenho à frente do Banco do Brasil e o empenho em relação às políticas públicas determinadas pelo governo.

Além de prospectar nomes para o Conselho de Administração, Levy também foi incumbido por Dilma a encontrar uma solução para o balanço contábil da companhia. O ministro tenta encontrar uma metodologia que atenda às exigências da SEC, órgão regulador dos Estados Unidos, e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Petrobras divulgou o balanço não auditado do terceiro trimestre na semana passada, sem incluir as esperadas baixa contábeis relacionadas às denúncias de corrupção da Operação Lava Jato, em meio à dificuldade de se estabelecer valores incontestáveis enquanto o processo ainda corre na Justiça.

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