
Discurso é bem recebido por empresários
O discurso da presidente Dilma Rousseff no Fórum Econômico Mundial, em Davos, foi recebido com otimismo por empresários e banqueiros. Defendendo a tese de que os emergentes podem continuar a atrair investimentos, a presidente abordou temas que agradaram representantes de instituições financeiras.
Para Enrique Iglesias, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a fala foi uma mensagem "positiva e realista do potencial do Brasil". "Enfrentaram problemas, como todos. Mas creio que hoje ninguém discute o potencial de desenvolvimento do Brasil. Todos os países têm altos e baixos em matéria de ciclos", afirmou.
Gerard Hartsink, banqueiro holandês, presidente do CLS Bank International, disse que não está preocupado com pressão da inflação no Brasil. O petróleo, segundo ele, é "estímulo positivo" ao crescimento do país. Mas ele chama atenção para problemas em outras áreas. "A economia ainda não está aberta e há barreiras para os investidores estrangeiros. Há preocupação de que o dinheiro está saindo do país", alertou.
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, também ficou satisfeito com a fala da presidente, mas destacou que, embora a economia brasileira seja diferente da de seus vizinhos, como a Argentina, é preciso agora "foco". "O Brasil precisa fazer mais. É o grande desafio da infraestrutura urbana", disse.
Para o presidente da Embraer, Frederico Curado, as mensagens importantes foram dadas: de austeridade fiscal, controle de inflação, investimento privado brasileiro e estrangeiro, infraestrutura e educação
Histórico
FHC foi a Davos apenas em 1998 e Lula estreou em 2003
Já no fim de seu primeiro mandato, o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Diante da plateia de economistas e representantes políticos de diversos países, ele rebateu as críticas que apontavam o Brasil como vulnerável à crise asiática, chamando os analistas de "palpiteiros".
Fernando Henrique foi questionado a respeito da sobrevalorização do real em relação ao dólar, e ouviu que as exportações sinalizavam que a desvalorização da moeda brasileira não seria necessária mas acabou ocorrendo após a reeleição.
Em 2003, seu primeiro ano de governo, Lula causou polêmica ao decidir, literalmente, largar o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, do qual participava pela terceira vez, para ir a Davos. Setores do próprio PT e ativistas que o apoiavam criticaram o que seria um aceno ao capitalismo globalizado contrário, portanto, aos movimentos sociais
Na Bolsa
Após uma manhã turbulenta nos mercados, com as crises na Argentina e na Turquia aumentando as preocupações dos investidores com os mercados emergentes, as declarações da presidente Dilma Rousseff em Davos conseguiram amenizar as desconfianças em relação ao Brasil. Apesar disso, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,29%, a R$ 2,402, e renovou o maior valor desde 22 de agosto do ano passado, quando a moeda encerrou a R$ 2,430
Falando por 33 minutos três deles de improviso a presidente Dilma Rousseff aproveitou ontem seu primeiro discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) para vender o Brasil como um bom local para os investimentos. A presidente passou 10 minutos elogiando o programa de concessões e disse que o Brasil está aberto aos investidores.
"O Brasil é hoje uma das mais amplas fronteiras de oportunidades de negócio. Nosso sucesso, nos próximos anos, estará associado à parceria com os investidores do Brasil e de todo o mundo. Sempre recebemos bem o investimento externo", disse.
Dilma também falou sobre as manifestações de junho, que tomaram as ruas do Brasil. Segundo ela, não houve um pedido de retrocesso, mas novos avanços. Ela disse que seu governo não reprimiu os manifestantes, mas ouviu e compreendeu o que os manifestantes desejam. "Democracia gera desejo de mais democracia. Inclusão social provoca a expectativa de mais inclusão social e qualidade de vida desperta o anseio de mais qualidade de vida, por mais e melhores serviços", afirmou.
A presidente também reforçou que o controle da inflação e o equilíbrio das contas públicas são "requisitos essenciais para assegurar a estabilidade econômica". "A estabilidade da moeda é hoje um valor central do nosso país, da nossa nação", disse.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, fechou 2013 em 5,91% abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%, mas acima do esperado pelo mercado, que previa alta entre 5,82% e 5,83%.
Em sua fala, Dilma disse que as despesas do governo federal estão sob controle e que a meta do superavit primário de 2014 será condizente com a política de redução do endividamento público. De acordo com ela, o objetivo do governo é tornar a economia brasileira cada vez mais competitiva, o que demanda uma gestão cada vez melhor dos recursos públicos, reduzindo a burocracia.
Tombini
Mais cedo, em um debate no Fórum, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconheceu que não está satisfeito com um crescimento de 2% para o Brasil e que o país precisa de mais. Quanto à inflação, outra fonte de preocupação em Davos em relação ao Brasil, o presidente do BC garantiu que a "inflação está diminuindo" no Brasil. Mas também disse que é preciso baixar mais.
Tombini lembrou que o real foi uma das moedas que mais se valorizou por conta da crise internacional. Mas para lidar com isso o Brasil "tem amortecedores" e os usou. Ao final do debate ele previu "mais volatilidade" no câmbio por conta da falta de sincronização de políticas monetários entre Estados Unidos, Europa e Japão.
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