Falando por 33 minutos três deles de improviso a presidente Dilma Rousseff aproveitou ontem seu primeiro discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) para vender o Brasil como um bom local para os investimentos. A presidente passou 10 minutos elogiando o programa de concessões e disse que o Brasil está aberto aos investidores.
"O Brasil é hoje uma das mais amplas fronteiras de oportunidades de negócio. Nosso sucesso, nos próximos anos, estará associado à parceria com os investidores do Brasil e de todo o mundo. Sempre recebemos bem o investimento externo", disse.
Dilma também falou sobre as manifestações de junho, que tomaram as ruas do Brasil. Segundo ela, não houve um pedido de retrocesso, mas novos avanços. Ela disse que seu governo não reprimiu os manifestantes, mas ouviu e compreendeu o que os manifestantes desejam. "Democracia gera desejo de mais democracia. Inclusão social provoca a expectativa de mais inclusão social e qualidade de vida desperta o anseio de mais qualidade de vida, por mais e melhores serviços", afirmou.
A presidente também reforçou que o controle da inflação e o equilíbrio das contas públicas são "requisitos essenciais para assegurar a estabilidade econômica". "A estabilidade da moeda é hoje um valor central do nosso país, da nossa nação", disse.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, fechou 2013 em 5,91% abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%, mas acima do esperado pelo mercado, que previa alta entre 5,82% e 5,83%.
Em sua fala, Dilma disse que as despesas do governo federal estão sob controle e que a meta do superavit primário de 2014 será condizente com a política de redução do endividamento público. De acordo com ela, o objetivo do governo é tornar a economia brasileira cada vez mais competitiva, o que demanda uma gestão cada vez melhor dos recursos públicos, reduzindo a burocracia.
Tombini
Mais cedo, em um debate no Fórum, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconheceu que não está satisfeito com um crescimento de 2% para o Brasil e que o país precisa de mais. Quanto à inflação, outra fonte de preocupação em Davos em relação ao Brasil, o presidente do BC garantiu que a "inflação está diminuindo" no Brasil. Mas também disse que é preciso baixar mais.
Tombini lembrou que o real foi uma das moedas que mais se valorizou por conta da crise internacional. Mas para lidar com isso o Brasil "tem amortecedores" e os usou. Ao final do debate ele previu "mais volatilidade" no câmbio por conta da falta de sincronização de políticas monetários entre Estados Unidos, Europa e Japão.