A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (27) no Rio Grande do Sul, onde inaugurou o Parque Eólico de Geribatu, que os aumentos de energia elétrica são necessários, mas “passageiros”. Em Santa Vitória do Palmar, a presidente reconheceu que o país ficou dependente demais do modelo de geração hidrelétrica mas que, mesmo com a maior seca dos últimos cem anos, não haverá racionamento “porque o sistema de transmissão é robusto”.
“Quando a água falta no Brasil, e todo mundo tem que saber disso, aumenta o preço da energia sim, porque você passa a pagar por aquilo que não pagava, que é a água e o vento. Qualquer outra forma de energia tem que pagar. Ela funciona como uma espécie de reserva, que você só vai usar quando precisar. Nós estamos precisando. Então, eu quero explicar a vocês que os aumentos de preços da energia são passageiros. Eles estão em função do fato de que o país enfrenta a maior falta de água dos últimos cem anos. Isso não significa que nós vamos ter qualquer problema sério ou mais sério na área de energia elétrica. Não iremos ter porque temos todo um sistema de segurança. Mas isso também não significa que vamos sair por aí jogando energia pela janela e não consumindo de forma racional”, disse a presidente.
Dilma estava acompanhada, na solenidade, dos ministros Pepe Vargas (Relações Institucionais) Eduardo Braga (Minas e Energia). O governador do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori (PMDB) foi vaiado pelo público, composto basicamente por militantes petistas da região – a cidade é governada pelo prefeito Eduardo Morroni (PT).
No seu discurso, Dilma — que evitou dar declarações aos jornalistas – lembrou que no racionamento de energia de 2001, durante o governo de FHC, a falta de redes de transmissão interligadas agravou o problema. Segundo a presidente, hoje a energia produzida no Rio Grande do Sul pode ser consumida no Norte do país, por exemplo.
Reforço
Dilma também apresentou números para mostrar que, nos quatro anos de seu primeiro mandato, foram incorporados 21,6 mil MW ao sistema brasileiro de energia. Segundo a presidente, “nos oito anos da época do racionamento eles não conseguiram produzir essa quantidade”. Além disso, a presidente prometeu entregar em 2015 mais 6,4 mil MW de energia e construir 7 mil quilômetros de linhas de transmissão: “Isso significa que nós continuamos investindo sempre, porque esse setor é assim: se parar de investir, você cai, que nem bicicleta.”
O ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que a inauguração do parque era “uma resposta aos pessimistas”. “Esse potencial de energia vai se transformar em emprego e renda para milhões de brasileiros. Muitos pessimistas querem pregar que não vamos vencer, mas nós vamos vencer porque temos um setor elétrico robusto, inovador, alternativo que integra o extremo sul ao extremo norte e que multiplica as nossas potencialidade”, discursou.
Parque eólico
O Parque Eólico Geribatu agregou 258 MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Os empreendimentos inaugurados pela presidente – complexo eólico e sistemas de transmissão associados – estavam previstos no PAC 2 e somam R$ 2,1 bilhões em investimentos. O parque foi planejado em 2000 pela então secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul Dilma Rousseff.
Com capacidade para atender ao consumo de 1,5 milhão de habitantes, é o maior dos três parques que compõem o Complexo Eólico Campos Neutrais (583 MW) e, também, o maior em operação no Rio Grande do Sul. A Rio Bravo Energia I é a parceira privada no empreendimento. O parque reúne 129 aerogeradores (2 MW de potência cada) distribuídos em dez usinas, que ocupam uma área de 47,5 quilômetros quadrados.
Junto dos outros dois parques – Chuí (144 MW) e Hermenegildo (181 MW), nos quais estão sendo investidos R$ 1,7 bilhão – Geribatu forma o maior complexo eólico da América Latina. Para escoar a energia e integrá-la ao SIN, foi implantado um sistema de transmissão que compreende quase 470 quilômetros de linhas de extra-alta tensão (525 kV), três subestações e uma ampliação de subestação, num investimento de R$ 900 milhões.