Encontro com Hollande fez parte da agenda do primeiro dia da visita da chefe de Estado brasileira à França| Foto: AFP Photo/Compartilhamento/Eric Feferberg

A presidente Dilma Rousseff e seu colega francês, François Hollande, destacaram sua convergência de pontos de vista na maneira de se enfrentar a crise econômica, e propuseram uma nova governança mundial, no primeiro dia da visita de Estado à França da líder brasileira.

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"Tivemos a oportunidade de analisar a crise e tomamos posições. Estamos de acordo que as políticas de austeridade mostraram seus limites, que em vez de reduzir a crise a aprofunda, e empobrece as classes médias", "base do estado de bem-estar", declarou Dilma em entrevista coletiva ao lado do presidente francês no palácio do Eliseu.

"O Brasil acredita no trabalho comum para que as políticas recessivas que já foram um fracasso na América Latina não continuem causando problemas", destacou Dilma.

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Hollande disse que ambos os países estão de acordo com "uma seriedade orçamentária, mas sem austeridade", com "uma política de crescimento nos países, mas também em níveis internacionais" e "sem regressão social".

O líder francês lembrou a proposta de nova governança internacional que ambos os presidentes fizeram pouco antes de um fórum social, incluindo um "conselho de segurança econômica", uma ideia que pode "levar a ONU a confederar" os distintos países "na participação da governança econômica" do mundo.

"O desafio está diante de nós, construir uma nova governança mundial", havia declarado Hollande no início do fórum de progresso social em Paris, organizado pela Fundação Jean Jaurès e o Instituto Lula, na presença do ex-presidente brasileiro, junto a Dilma Rousseff.

A superação da crise "passa necessariamente pela construção de um novo mundo", afirmou a presidente brasileira.

"Houve muitas palavras e poucos compromissos para regular as finanças, é preciso aplicar as mesmas regras de prudência a todas as economias do mundo", considerou Hollande.

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"O papel dos progressistas do mundo não é fugir da realidade, mas sim transformá-la, construir passo a passo, país por país, continente por continente uma alternativa ao liberalismo".

A "crise tem um nome, é o 'deixar fazer'". Para solucioná-la, segundo Hollande, "não é preciso olhar para trás, não temos mais alternativa que inventar o mundo em que vivemos".

Os dois presidentes bateram pé sobre a necessidade de políticas de crescimento para enfrentar a crise. A nível europeu e mundial, é necessário "esforço e solidariedade", disse Hollande.

Após explicar que a prioridade é o emprego, o presidente francês propôs que "no cenário internacional, no G20, no G8 e nas outras instâncias internacionais não se tomem nem se debatam medidas sem avaliar seu impacto sobre o emprego".

"Precisamos de uma governança econômica mundial renovada", fundamentada "na cooperação", afirmou.

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Dilma Rousseff destacou os esforços de seu país para aumentar o nível de vida da população e reduzir a pobreza, e destacou o êxito da política que combina as medidas fiscais e econômicas com a proteção social.

"Se sacrificarmos as conquistas sociais, perderemos a batalha do desenvolvimento", disse.

A presidente brasileira criticou as opções protecionistas e defendeu uma "ampliação do multilateralismo" e "um maior controle dos fluxos financeiros".

Os dois líderes destacaram convergências em matéria de política internacional, em particular no Oriente Médio, e na luta contra o aquecimento climático.

Dilma Rousseff agradeceu o apoio da França a sua reivindicação de fazer parte do Conselho de Segurança da ONU, apoio que Hollande ofereceu em um brinde no jantar de gala no palácio presidencial em homenagem à presidente brasileira.

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No marco de sua visita, França e Brasil assinaram vários acordos em matéria de cooperação técnica, educativa e de intercâmbio de estudantes.

Dilma Roussef começou nesta terça-feira uma visita de Estado de dois dias à França. Antes de se reunir com Hollande, esteve pela manhã com o presidente da Assembleia Nacional francesa, Claude Bartolone.

Na quarta-feira (12) terá reuniões com o presidente do Senado, Jean-Pierre Bel e com o prefeito de Paris, Betrand Delanoë. Também deve participar de uma conferência na sede de Medef, a principal associação empresarial francesa, antes de seguir para Moscou.