A presidente Dilma Rousseff terá amanhã uma sessão exclusiva de meia hora para falar ao público do Fórum Econômico Mundial. Estreante no encontro, ela terá uma chance rara de expor sua política econômica a uma audiência altamente qualificada e formada por empresários, profissionais e políticos de dezenas de países. O evento, que ocorre em Davos, na Suíça, foi aberto ontem com a participação de 2,5 mil pessoas.
Seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi à reunião logo depois da primeira posse, em janeiro de 2003. Tentou vender a imagem de governante confiável e foi elogiado. Dilma preferiu esnobar o Fórum nos três primeiros anos de mandato e recusar os convites. Vai aparecer, agora, no pior momento de seu governo.
A inflação continua alta, com projeções na vizinhança de 6%. O balanço de pagamentos vai mal e a conta comercial teria fechado no vermelho, em 2013, sem os US$ 7,74 bilhões da exportação fictícia de sete plataformas de petróleo. As contas públicas foram embelezadas no fim do ano com receitas atípicas e grande volume de pagamentos adiados. Além disso, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial preveem para o Brasil, neste ano, crescimento inferior à média global.
Sessões especiais, como a programada para a presidente, são realizadas no principal e mais amplo auditório do centro de congressos de Davos. O convidado geralmente expõe suas ideias sem debate, responde a algumas perguntas do fundador e presidente do Fórum, Klaus Schwab e, havendo tempo, recebe questões da plateia. O bom resultado é quase garantido, se a pessoa estiver bem preparada e se os perguntadores forem mais ou menos moderados.
A presidente Dilma Rousseff chega hoje à Suíça e passa o dia em Zurique. Tem encontros com o presidente da Fifa, Josef Blatter, e com os presidentes da Saab, fabricante do caça comprado pelo governo, da Unilever, da Novartis e do banco de investimentos Merryll Linch.
Em entrevista ao Blog do Planalto, Klaus Schwab disse que a participação de Dilma é esperada ansiosamente por líderes políticos, de negócios, da sociedade civil e da academia. "Nós estamos ansiosos por ouvir dela sobre suas políticas futuras, que precisam relançar objetivos e, ao mesmo tempo, garantir que todos os pobres que hoje são deixados à margem do desenvolvimento econômico serão integrados ao sistema de bem-estar social", disse o presidente do Fórum.