Em reunião com dirigentes de cinco centrais sindicais ontem, a presidente Dilma Rousseff disse que "não existe tarifa zero" para transporte coletivo e detalhou o pacote de medidas para conter a onda de protestos no país. "O meu governo vai disputar a voz das ruas", afirmou Dilma, segundo relato de sindicalistas que participaram do encontro. A presidente, porém, não conseguiu convencê-los a suspender a greve geral marcada para 11 de julho e muitos deles deixaram o Palácio do Planalto sem esconder a irritação com o que chamaram de "falta de propostas".
Dilma pediu apoio aos dirigentes das centrais ao plebiscito popular para votar a reforma política. Para ela, é "primordial" que as mudanças já estejam em vigor na eleição de 2014, quando disputará o segundo mandato. Ela defende, por exemplo, o financiamento público de campanha, sob o argumento de que essa é a melhor forma de coibir o abuso do poder econômico.
"A corrupção é um crime hediondo", disse Dilma, ao lembrar um dos pontos do pacto lançado pelo Planalto em resposta à onda de protestos. Em 2005, o PT foi alvejado pelo escândalo do mensalão e hoje os petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aguardam o julgamento dos recursos, na tentativa de diminuir suas penas.
Tarifa zero
A presidente afirmou respeitar as manifestações de protesto, mas admitiu temer a ação de grupos com outros interesses que não o de um movimento pacífico. Ao mencionar a redução do preço das passagens de ônibus, metrô e trens metropolitanos nas principais capitais, Dilma disse que o governo já retirou impostos federais para permitir esse desconto. "Mas não existe tarifa zero: ou se paga a passagem ou se paga imposto", insistiu a presidente, de acordo com relato de sindicalistas presentes ao encontro.
"Foi mais uma reunião para ouvir os planos mirabolantes da presidente. Saímos daqui como sempre saímos: sem encaminhamento de nenhuma das nossas reivindicações", criticou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, tentou amenizar o clima. "É verdade que a pauta está travada e o governo precisa ter agilidade para resolver a situação. Se não negociar, faremos o que sempre fizemos, tanto que já temos greve marcada para 11 de julho."
Pleitos
Na pauta do movimento sindical estão reivindicações como redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, destinação de 10% do PIB para a saúde e suspensão do projeto de lei 4.330, que regulamenta a terceirização.