A presidente Dilma Rousseff saiu em defesa da Argentina em discurso em encontro do Mercosul, na tarde desta terça-feira (29) em Caracas. Dilma disse ser "integralmente" solidária ao desafio do país vizinho, que enfrenta dificuldades em renegociar sua dívida. A solidariedade, segundo ela, "não é retórica".
A presidente disse estar tratando do tema em fóruns internacionais e propôs levar o assunto à reunião do G20. Dilma disse que o problema atinge todo o sistema financeiro internacional e cobrou regras claras que permitam previsibilidade na renegociação das dívidas. De acordo com a presidente, não se pode permitir que a "ação de alguns poucos especuladores coloque em risco a estabilidade de um país inteiro".
Israel
Dilma aproveitou o seu discurso para reforçar a posição brasileira em relação ao conflito na Faixa de Gaza. Segundo a presidente brasileira, é necessário ressaltar a "condenação ao uso desproporcional da força por Israel em Gaza". Segundo Dilma, a comunidade internacional não pode aceitar "impassível" a escala da violência entre Israel e Palestina.
Dilma lamentou o "elevado número" de vítimas civis e disse que o governo brasileiro espera o fim do conflito. "O Brasil, em todos os fóruns, em todas as aberturas na ONU, manifestou que a construção da paz passa pela construção de dois estados", completou. Na avaliação da presidente, o conflito tem potencial para desestabilizar a região. "Por isso, reiteramos essa questão do cessar-fogo imediato, abrangente e permanente", disse.
Dilma afirmou ainda que os países do Mercosul devem "se orgulhar" pois nas reuniões do bloco há uma demonstração de busca por entendimentos. "Em reuniões do Mercosul percebi interesse em garantir paz e entendimento da região", afirmou.
Assim como fez no início do seu discurso, quando saudou a Venezuela pela presidência pro tempore do bloco do Cone Sul, Dilma desejou sucesso a sua colega argentina Cristina Kirchner, já que o país assumirá temporariamente o comando do bloco.
"Quero desejar êxito à Argentina na presidência pro tempore do bloco no próximo semestre", disse. "Contamos com sua sensibilidade política para que sigamos no caminho do fortalecimento do Mercosul", afirmou Dilma, ressaltando que Cristina pode continuar contando com o "apoio e parceria constante do Brasil".
Dilma também citou o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, falecido no ano passado, e disse que o momento era de registrar sua memória. Segundo Dilma, além de um "grande amigo do Brasil", Chávez sempre foi um "incansável defensor da integração".
De acordo com a agenda presidencial, Dilma deve retornar em seguida para Brasília. A chegada à capital federal está prevista para as 21h15.