Mercado
Gol supera TAM em voos domésticos
A Gol assumiu pela primeira vez a liderança do mercado de aviação doméstico brasileiro em fevereiro. A companhia superou por pouco a TAM, com uma participação de 39,77% dos voos nacionais. O Grupo TAM (que compreende a TAM e a Pantanal) veio logo depois, com 39,59%. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Azul tem 7,96%; a Webjet, 5,89%; a Trip aparece com 2,77%; e a Avianca tem 2,58%. Nas rotas internacionais operadas por empresas brasileiras, a TAM manteve-se isolada na liderança do setor, com 85,85% do mercado. A Gol tem 12,92% e a Avianca, 1,22%.
Para o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior, a liderança é positiva. "Ela vem em um momento de solidez de balanço, após um grande esforço no sentido de colocar a companhia no trilho, disse. Contudo, Junior disse não esperar que essa liderança seja mantida ao longo do ano. "Se o concorrente tem uma estratégia de comprar mercado, realizando fusões ou aquisições, isso não vai mudar o nosso foco", afirmou. A TAM comprou a Pantanal em 2010 e negocia a compra da Trip.
A presidente Dilma Rousseff enviará até o fim de março ao Congresso a medida provisória que cria a Secretaria Nacional de Aviação Civil, com status de ministério. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ela afirmou que prepara uma "forte intervenção" nos aeroportos do país. O plano incluirá a privatização de novos aeroportos e terminais.
Os aeroportos são considerados um dos principais gargalos de infraestrutura no país. Além do crescimento do mercado interno, há preocupação com a Copa de 2014 e os Jogos Olímpícos de 2016. Dilma afirmou ainda que o governo fará a ampliação de aeroportos com recursos públicos e organiza concessões ao setor privado. Como exemplo de concessões, citou a construção de novos terminais ou novos aeroportos. "Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias", disse.
Ela afirmou que a construção de aeroportos por concessão pode funcionar como a de hidrelétricas. Dilma disse ainda que o Brasil precisa de mais aeroportos regionais, para desafogar capitais e grandes centros.
Críticas
Na terça-feira, o presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Giovanni Bisignani, afirmou que a gestão aeroportuária brasileira é um modelo falido. Segundo ele, há gargalos em 13 dos 20 maiores aeroportos, e a situação é "crítica" em São Paulo, onde Bisignani vê defasagem e ineficiência. Apesar de avaliar que Dilma Rousseff acerta ao dar prioridade estratégica ao setor e promover mudanças estruturais, a Iata não poupou críticas também ao controle de tráfego aéreo, para o qual faltariam investimentos para acompanhar a evolução tecnológica dos aviões.
O presidente da Iata fez a análise em palestra na Câmara de Comércio Britânica. "O modelo Infraero, que controla 94% dos aeroportos brasileiros, está falido. Treze dos 20 maiores aeroportos têm engarrafamentos nos terminais de passageiros. Em São Paulo, que maneja 25% do tráfego brasileiro, o estado é crítico. O slots não estão disponíveis quando são necessários. Os terminais são antigos e ineficientes. E nos preocupamos com a falta de um processo transparente nos planos para um terceiro terminal", disse Bisignani.
No caso do controle de tráfego aéreo, que enfrentou uma crise após o acidente da Gol em 2006, a Iata considera que falta apoio do governo federal para os esforços de modernização da FAB. "As empresas aéreas investiram em sistemas eletrônicos para promover a eficiência de voo. Mas não podemos ter retorno completo no nosso investimento até que o controle de tráfego aéreo opere na mesma plataforma tecnológica", disse.
A preparação da infraestrutura aeroportuária também preocupa as empresas aéreas, que pleiteiam participação nas ações do governo. A Iata afirma poder colaborar por meio de seus programas de eficiência de embarque, manejo de cargas e segurança aérea. "Qualquer um que chegar a São Paulo por um voo internacional tem uma boa chance de ter uma péssima primeira impressão. A espera de até uma hora e meia na imigração e alfândega resume tudo. A infraestrutura não está pronta. E o tempo está se esgotando para os grandes projetos", resumiu Bisignani.
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