A presidente Dilma Rousseff tentará convencer nesta semana a elite empresarial do mundo em Davos de que o país ainda é um bom investimento, apesar de três anos de baixo crescimento. Será a primeira visita de Dilma ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. O objetivo é assegurar aos ricos e poderosos que ela adota uma postura amigável com empresas e responsável pelo lado fiscal.
É uma grande reviravolta para a presidente, que desenvolveu uma reputação por medidas de mão pesada que apertaram os lucros de algumas companhias e prejudicaram os preços das ações. Dissipar o ceticismo sobre o futuro do Brasil será uma tarefa difícil antes do processo eleitoral em outubro. "Ela tentará convencer a comunidade empresarial internacional de que é mais pragmática que ideológica, mas ninguém realmente espera que o governo faça um esforço imenso para equilibrar a política fiscal no ano eleitoral", afirmou o analista político da MCM Consultores, Ricardo Ribeiro.
A economia brasileira cresceu apenas 1% em 2012 e as saídas de capitais tiveram o maior fluxo desde 2002. Os gastos públicos registraram gradual expansão e as receitas tributárias desaceleraram devido ao fraco crescimento e às maiores desonerações feitas com objetivo de estimular indústrias, elevando o risco de rebaixamento de crédito neste ano.
O Brasil não é mais a menina dos olhos de Wall Street que foi durante a expansão alimentada por commodities na época do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Ele, ao contrário de Dilma, participava regularmente de Davos.
Promovendo o Brasil
Assessores presidenciais disseram que Dilma decidiu que era o momento de uma visita pessoal a Davos para mostrar a investidores que o Brasil está aberto a negócios, explicando as concessões privadas para rodovias, ferrovias, aeroportos e outros tipos de infraestrutura fortemente necessários. "Os mercados financeiros não estão entendendo bem o Brasil", afirmou o ministro da Secretaria de Assuntos Especiais e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri.
"Investimento privado é fundamental para o Brasil e a presidente precisa mostrar o potencial do país e ouvir investidores de forma que a maneira como fazemos as coisas possa ser ajustada", disse Neri à imprensa estrangeira na semana passada.
Dilma falará publicamente em Davos na sexta-feira e comparecerá a uma sessão lotada privada com investidores, economistas e executivos das principais companhias multinacionais. O interesse na presidente não é uma surpresa: espera-se amplamente que ela conquiste um segundo mandato e decida a direção da sétima maior economia do mundo por mais quatro anos.
Após Davos, Dilma viajará a cúpula regional em Cuba, onde ela e o presidente cubano, Raúl Castro, inaugurarão um terminal de contêineres de 900 milhões de dólares construído no porto de Mariel pela Odebrecht , um dos maiores conglomerados multinacionais brasileiros.
Espera-se que Mariel torne-se um importante porto caribenho quando o embargo comercial dos EUA contra Cuba for revogado. O gabinete de Dilma sublinhou que a visita dela a Cuba deve-se a negócios mais do que a política. "Isso não diz respeito a ideologia esquerdista. O Brasil está se posicionando estrategicamente ao investir na Cuba pós-Castro", disse um assessor da presidência.
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