Racha prejudica mudança defendida pelo Paraná
O racha na base aliada em torno das emendas à MP dos Portos pode prejudicar uma sugestão de mudança no texto defendida pelo governo do Paraná.
Face a face com uma nova derrota no Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff vai insistir na votação da medida provisória dos Portos (MP 595/2012). Ela cobrou ontem esforço dos parlamentares para apreciar a proposta dentro do prazo, horas após a sessão para votar o texto que acabou em confusão na Câmara dos Deputados. Se não for aprovado até a próxima quinta-feira (16) na Câmara e no Senado, o texto perde validade.
"As questões de diferenças de opinião são legítimas, elas ocorrem e é isso que queremos, nós vivemos numa democracia. Não é que não seja possível a divergência, mas o que nós não podemos ter é o silêncio, é não discutir", declarou Dilma, durante a cerimônia de posse do novo ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos. Em resposta, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que a MP será votada em sessão extraordinária na segunda-feira.
A votação não foi concluída anteontem devido a uma briga em plenário entre os líderes do PR, Anthony Garotinho, e do PMDB, Eduardo Cunha, rivais políticos no Rio de Janeiro. Garotinho começou a confusão dizendo que uma emenda patrocinada por Cunha transformava a proposta na "MP dos Porcos". A modificação, cuja autoria foi encabeçada por cinco partidos (PMDB, PSB, PDT e DEM), tratava de prazos para as autorizações de exploração de terminais privados. A alteração evitaria a antecipação de contratos assinados após 1993 e também atenderia à demanda de empresários com contratos de arrendamento vigentes que defendem a tese de que têm direito a pelo menos uma renovação desses acordos.
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado paranaense Alex Canziani (PTB) diz que é possível superar essa discussão até segunda-feira. "Vamos precisar montar uma força-tarefa para atingirmos o quórum de 257 deputados, mas também não é nada de outro mundo", avalia. Depois disso, outra dificuldade será convencer o Senado a encerrar a apreciação em três dias.
O vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), afirma que o mais provável é que a Câmara só encerre a votação na terça-feira. Segundo ele, o governo precisa aproveitar o episódio para aprimorar as relações com o Congresso. "O governo tem de fazer uma reflexão melhor sobre o tipo de articulação que está tendo, tem de ser mais proativo, organizar melhor a sua base", cita o petista.
Também por falta de acordo com os aliados, outra MP encaminhada pelo governo, que trata da destinação exclusiva dos royalties de petróleo para despesas com educação, vai perder a validade no domingo. Desde que assumiu, em janeiro de 2011, Dilma acumula pelo menos outras três grandes derrotas no Legislativo nas votações da proposta do novo Código Florestal, da redistribuição dos royalties de petróleo entre estados e municípios e da reforma do ICMS, que foi encaminhada pelo governo, mas acabou desfigurada nesta semana pelo Senado.
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