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Pesquisa

Brasileiro é o mais otimista

Para o consumidor brasileiro, a palavra que melhor descreve o futuro é "otimismo". Em 2009, ano da crise internacional, a palavra "preocupação" tinha índice semelhante. O Brasil, por sinal, apresentou o maior índice de otimismo dentre os 13 países em que a pesquisa da Cetelem é realizada. A situação do país foi avaliada pelos entrevistados com nota 6,8, um ponto acima da Alemanha, que ocupa a segunda posição. Os consumidores mais pessimistas são os portugueses, que deram nota 2,6 ao seu país. No recorte regional, a Região Sul é a mais otimista em relação ao futuro, com nota 7,3. No recorte por faixas sociais, a classe C é a mais otimista do país, com nota 6,9.

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Os moradores da Região Sul estão com mais dinheiro sobrando no fim do mês. A região apresentou o maior crescimento proporcional do país em termos de renda familiar mensal entre 2009 e 2010, com elevação de pouco mais de 30%, atingindo em média R$ 1.589. Esse ganho adicional fez com que os consumidores dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também experimentassem a maior expansão na renda familiar disponível. Enquanto em 2009 cada família tinha apenas R$ 129 "livres" para gastar após o pagamento de todas as despesas fixas e dívidas do mês, em 2010 esse valor chegou a R$ 367, quase o triplo. Os dados fazem parte da pesquisa O Observador 2011, encomendada pela Cetelem BGN à Ipsos Public Affairs.

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Apesar do crescimento, a renda média familiar no Sul ficou atrás da verificada no Sudeste (R$ 1.874) e nas regiões Norte e Centro-Oeste (R$ 1.694). No Nordeste, a renda familiar mensal foi de R$ 943. No recorte por classes sociais, a classe DE teve a maior evolução na renda disponível, que cresceu 70%, para R$ 104 por mês. Para o diretor-presidente da Cetelem BGN, Marcos Etchegoyen, essa camada social apresentou um crescimento "fabuloso" nos últimos seis anos. "Ela saiu de uma situação de renda média disponível negativa em 2005 para uma sobra de R$ 104. Isso gera uma série de impactos positivos na economia e no consumo."

Losango

Com o crescimento da economia, a "base" social vem perdendo representatividade. De acordo com o levantamento, em 2010 cerca de 19 milhões de brasileiros ascenderam para a classe C, que passou a ser a maior do país, com mais de 101 milhões de pessoas, 53% da população brasileira. "Aquela nossa pirâmide da sociedade brasileira deixou de ser pirâmide para se tornar um losango. A representação social deixou de ser como era seis anos atrás", diz Etchegoyen.

Segundo ele, o aumento na renda média e o consequente acréscimo na renda disponível também contribuíram para aumentar o índice de poupadores. Em 2009, apenas 6% dos entrevistados conseguiram poupar; no ano passado, a taxa subiu a 8%. Na classe DE, a poupança média foi de R$ 150, enquanto a classe C poupou 8% a menos.

"É o famoso 'vamos consumir porque a maré está muito boa'. 2010 foi um ano em que consumidores, com condições mais favoráveis, contribuíram para que a roda da economia continuasse girando, em todos os segmentos", avalia o presidente da Cete­lem BGN. Ainda assim, a grande maioria dos consumidores direcionou o aumento de renda ao pagamento de contas e dívidas atrasadas, enquanto 10% usaram esse adicional para contrair novas prestações.

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Intenção de compra

Para este ano, a pesquisa registrou aumento da intenção de compra em todos os itens analisados e em todas as classes sociais. O destaque é o segmento de móveis, apontado por 40% dos consumidores – o maior índice de intenção de compras entre todos os itens da série histórica, iniciada em 2005. Na classe DE, chama atenção o índice de pretensão de compras de carros e motos, que cresceu 80% entre 2009 (5%) e 2010 (9%).

Para Etchegoyen, isso não representa um risco, já que a renda média disponível dessa faixa da população é relativamente pequena. "É preciso ter muito cuidado com os novos entrantes na classe de consumo, mas evidentemente eles não vão atrás de itens de alto valor. É aí que entra a responsabilidade das instituições financeiras, para que os consumidores não sofram uma incapacidade financeira e continuem contribuindo com o mercado de consumo", diz.