O diretor geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, deu prazo até o fim de junho para que países membros concluam o capítulo sobre redução de tarifas e de subsídios para bens agrícolas e industriais, um passo fundamental para o progresso da rodada Doha.
Lamy afirmou que se um acordo nos manufaturados e nos produtos agrícolas, dois dos mais complexos itens da rodada, não for alcançado até o fim de junho, os países não terão tempo para concluir a rodada até o final deste ano.
Lançada em 2001, na capital do Catar, a rodada Doha de negociações comerciais globais já perdeu vários prazos e enfrenta agora um obstáculo maior.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, perde no final de 2006 poderes especiais concedidos pelo Congresso do país para negociar acordos comerciais. Como o país é fundamental para um novo acordo na OMC, e o Congresso americano não deve renovar esses poderes, os países membros da entidade precisam concluir a rodada até o fim do ano.
- O prazo que temos é uma questão de dias, não de semanas. Precisamos da aprovação das modalidades em junho - afirmou Lamy, referindo-se ao termo técnico para o acordo de redução de tarifas e de subsídios em bens agrícolas e industriais.
- Se (a discussão de) modalidades extender-se para julho, não teremos tempo hábil - afirmou o diretor geral da entidade, de acordo com um participante de uma reunião fechada de Lamy com os embaixadores na OMC.
Na reunião, ficou decidido que os coordenadores das negociações sobre manufaturados e produtos agrícolas deverão apresentar rascunhos de acordos até o dia 19 de junho.
Então, ministros dos países serão convidados a Genebra para uma reunião a partir de 26 de junho para concluir um acordo.
- A idéia é definir o quanto pudermos os textos e então deixar os números finais para os ministros. O prazo está apertado, mas há chance de avançarmos e tornar possível a conclusão da rodada até o fim do ano - disse um dirigente da OMC.
As divergências, no entanto, continuam grandes.
A União Européia pressiona os EUA para que reduzam mais seus subsídios à produção agrícola. Os americanos querem maiores cortes da Europa em suas tarifas de importação de bens agrícolas.
E os dois pressionam grandes emergentes, como Brasil e Índia, a reduzirem tarifas para manufaturados.