O cenário é turbulento para a Petrobras neste ano, mas, para seus atuais diretores, nem tanto. Por decisão dos acionistas da petroleira, a remuneração dos administradores da controladora da Petrobras foi reajustada em 43% no primeiro semestre deste ano, comparado a igual período do ano passado. O relatório financeiro da companhia, relativo ao segundo trimestre e enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) informa que os ganhos da diretoria passaram de R$ 5,6 milhões de janeiro a junho de 2013 para R$ 8 milhões no primeiro semestre de 2014.
Permanecendo o patamar do primeiro semestre, a diretoria da Petrobras terá respondido por um gasto de R$ 16 milhões em 2014, o maior patamar histórico, 35% superior aos R$ 11,84 milhões do ano passado. Os números mostram que o crescimento da remuneração dos diretores da estatal ultrapassou em 11 vezes a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os R$ 8 milhões destinados aos diretores são classificados no relatório trimestral como remuneração de curto prazo. Por meio de sua assessoria de imprensa, a estatal esclarece que a cifra "contempla salários, benefícios, remuneração variável e encargos." Estão aí inseridos os desembolsos da empresa por adicional de férias, bônus por desempenho e remuneração variável anual (RVA). A empresa justifica ainda que, de março deste ano a abril de 2015, foi incluída na remuneração dos administradores os encargos recolhidos para fins de FGTS (8%) e Previdência Social (20%), que representaram acréscimo de 3,68% nos ganhos, em comparação a igual período do ano passado.
Em nenhuma outra subsidiária da petroleira os aumentos foram tão fortes quanto na diretoria da controladora. Para o conjunto dos administradores da empresa, o reajuste foi de 10,5%, considerando os primeiros semestres de 2013 e 2014. Os gastos com o pagamento a administradores, nesse caso, passaram de R$ 29 5 milhões para R$ 32,6 milhões.
A realidade da Petrobras difere da média do mercado. Guia de salários da consultoria Robert Half demonstra que as remunerações da maioria dos executivos que exercem cargos de diretoria em diferentes áreas de atuação cresceram, no máximo, 15% neste ano. Na indústria de óleo e gás natural, especificamente, o cenário é de estagnação, diz um consultor de recursos humanos especializado no setor que não quis se identificar.
Em setembro, será a vez dos funcionários negociarem aumentos de salários. O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, afirma que irá analisar o motivo do aumento das remunerações dos diretores neste ano para, talvez utilizar essa informação como barganha na negociação por reajuste do corpo técnico da petroleira. Segundo Moraes, é possível que os ganhos dos diretores sejam justificados por aumentos represados durante a crise econômica. Em 2013, o reajuste dos funcionários da Petrobras foi de 8%.
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