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Discrição é a marca de Jorge Paulo Lemann

Lemann e seus sócios controlam Ambev, Burger King e Heinz. | Felipe Rau/ Estadão Conteúdo
Lemann e seus sócios controlam Ambev, Burger King e Heinz. (Foto: Felipe Rau/ Estadão Conteúdo)

Cerveja, café, hambúrgueres, ketchup e agora salgadinhos: o apetite do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann não tem limites. O caçador de ativos mais agressivo da América Latina se juntou a Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, para adquirir a Kraft Foods, a gigante do ramo de lanches com sede em Illinois (EUA), para depois combiná-la com sua fabricante de condimentos H.J. Heinz.

Adquirir uma gigante internacional — e depois torná-la ainda maior — é exatamente o que Lemann e seus sócios da 3G Capital, uma firma de private equity com sede no Brasil, têm feito melhor nas últimas duas décadas. A Kraft soma outra marca histórica à vasta lista da 3G e também consolida a improvável reputação de Lemann de bilionário mais discreto da América Latina. “Eu não diria que ele tem vergonha de ser rico, mas é a última pessoa que você vai ouvir se vangloriando disso”, disse Roberto Teixeira da Costa, amigo de longa data de Lemann e ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O brasileiro mais rico do mundo na atualidade edificou um império sem estardalhaço, planejando cuidadosamente suas abordagens a alvos famosos nos EUA e na Europa. Juntamente com os sócios de longa data Beto Sicupira e Marcel Telles, também do Brasil, Lemann orquestrou as aquisições de alguns dos maiores nomes do setor de alimentos e bebidas. Em 2008, comprou a Anheuser-Busch, depois engoliu a Burger King e a rede canadense de cafeterias Tim Hortons.

Apetite sem fim

A equipe de Lemann treinou o apetite em casa, nos selvagens anos 1980 e 1990, quando a inflação era galopante e minava algumas das marcas mais conhecidas do Brasil. No comando da primeira empresa de private equity do Brasil, a equipe de Lemann abocanhava empresas varejistas em dificuldades, incluindo as fabricantes de bebidas nacionalmente conhecidas Brahma e Antarctica, que possuíam participações de mercado invejáveis, mas planos cheios de furos. O resultado foi a criação da Ambev, maior empresa de bebidas da América do Sul.

Do Brasil, ele se voltou para a Europa, combinando a Ambev com a Interbrew, da Bélgica, que possuía a marca de cerveja butique Stella Artois. O conglomerado AB Inbev é, agora, a maior cervejaria do mundo. Com isso, ele atraiu a atenção de Buffett e deu o salto para os EUA.

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