A facilidade com que brasileiros viajaram aos Estados Unidos e outros países do Hemisfério Norte em busca de roupas, equipamentos eletrônicos ou apenas diversão está com os dias contados. A disparada da moeda americana nos últimos três meses encareceu em 15% o preço dos produtos turísticos e derrubou a procura por pacotes para o exterior com quedas nas vendas que chegam a 30%.
De janeiro para cá, o dólar turismo avançou 16%, e nesta semana atingiu o maior nível em quatro anos, R$ 2,54. As agências, que em junho trabalhavam com o câmbio entre R$ 1,99 e R$ 2,05, agora negociam viagens a R$ 2,52. Um pacote de sete noites para Miami, que em julho custava R$ 4 mil por pessoa, na sexta-feira era vendido por R$ 5.040.
Brasileiros já refazem planos devido à escalada do dólar. Neste domingo, o empresário Lucas Bertolini Martin embarca para Flórida com a família, onde passam doze dias entre Miami e Orlando. Se no começo do ano eles poderiam abusar do cartão de crédito, agora ele só será usado como garantia de reservas e em casos de extrema emergência. "Usar o cartão lá fora é um suicídio financeiro", afirma Martin.
A viagem da família está garantida porque ele negociou a hospedagem em abril, assim que conseguiu as passagens pelo programa de milhagens. "Refiz as contas. Se fosse hoje, tudo estaria 20% mais caro, e com certeza eu repensaria a viagem. Se tivesse que comprar as passagens, eu não iria", analisa.
Estratégias
Embora não exista muito espaço para manobras, o mercado de turismo tem articulado estratégias para diminuir o impacto para o consumidor. Uma delas é o congelamento do câmbio. Em julho (quando o dólar chegou a R$ 2,282), a CVC, maior operadora da América Latina, manteve a taxa usada em R$ 1,99 para cotação dos pacotes, o que garantiu aumento de 10% nas vendas em relação ao mesmo mês do ano passado.
A renegociação também é uma alternativa. Empresas, principalmente agências, estão revisando contratos com fornecedores: receptivos, hotéis e companhias aéreas.
"Em certas renegociações conseguimos descontos de 5% a 10%, que são repassados para o valor final do pacote, diminuindo o impacto do câmbio", diz Arnaldo Levandowski, da MGM Operadora. Por causa da alta do dólar, a empresa registrou queda de 30% na venda de destinos internacionais.
DICAS
Vai viajar? Fique atento!
Pesquisa
Moedas estrangeiras, principalmente o dólar, são vendidas em qualquer instituição financeira autorizada pelo Banco Central, de bancos a casa de câmbio. Por se tratar de uma cotação que leva em conta custos de transporte e comissão (turismo), vale a pena pesquisar antes de trocar. Existem lugares em que o dólar está alguns centavos mais em conta que outros.
Limite
Não há limites para troca de valores no Brasil. No entanto, todas as conversões precisam ser condizentes com os rendimentos da pessoa. Qualquer brasileiro pode sair do país com R$ 10 mil em espécie. Se levar mais que isso, tem de preencher uma Declaração de Portabilidade de Valor na Receita Federal no aeroporto antes de embarcar.
Aquisição
Em todas as viagens para o exterior, a melhor opção é comprar a moeda do país de destino à vista, independente da cotação, assim que efetuar a aquisição do pacote e souber a data exata da partida. Apostar na queda da moeda nunca é uma boa escolha. A moeda de segunda opção é sempre o dólar.
Fracionada
Caso não seja possível adquirir tudo de uma vez, programe-se para fazer compras fracionadas. Ao longo do tempo isso vai diluir eventuais perdas. No fim, você terá um preço médio mais vantajoso.
Brasil
Saia com o dinheiro comprado no Brasil. Assim você evita transtornos e surpresas negativas, como um câmbio mais caro.
Dinheiro
Para não cair em armadilhas, a recomendação é usar o cartão de débito. Quem compra com cartão de crédito corre o risco de pagar mais, já que a conversão é feita com base no câmbio do dia do pagamento da fatura e não no da compra. Nunca deixe de levar uma pequena quantidade em espécie para emergências e pequenos gastos.