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Dispositivos vestíveis viram realidade

Apple Watch teve todas as 957 mil unidades comercializadas ainda no período de pré-venda. | Robert Galbraith /Reuters
Apple Watch teve todas as 957 mil unidades comercializadas ainda no período de pré-venda. (Foto: Robert Galbraith /Reuters)

Já não podemos mais viver sem nossos smartphones e, em pouco tempo, não respiraremos sem relógios inteligentes, sensores de movimentos e tênis que se amarram sozinhos. Anunciada como tendência há mais de duas décadas, a tecnologia wearable (que se pode vestir) demorou para decolar, mas prepare-se: daqui a pouco não vai dar para lembrar como era viver sem ela.

Em apenas um dia de venda nos Estados Unidos, o Apple Watch, o primeiro relógio inteligente capaz de mudar nossa relação com a tecnologia de vestir, teve todas as 957 mil unidades vendidas – mas só chega às lojas físicas em junho. Capaz de registrar movimentos como subir escadas ou pegar o filho no colo ou enviar a frequência cardíaca, a tecnologia é precursora do que vem por aí.

“Esses relógios permitirão vestir uma revolução, porque proporcionam a experiência de usar tecnologia de forma integrada no nosso dia a dia”, explica Cristiano André da Costa, Doutor em Ciência da Computação e professor da Unisinos.

Na prática, esses equipamentos farão com que os usuários fiquem ainda mais conectados com seus aparelhos. Antes dos smartphones, principalmente o iPhone, não era possível saber que iríamos precisar deles o tempo todo, seja para tuitar, bater papo, curtir ou compartilhar. Professor da PUCRS e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Mobilidade e Convergência Midiática (Ubilab), Eduardo Pellanda diz que a principal mudança é cognitiva. “O impacto disso é que temos mais um foco de atenção. A minha experiência usando o Google Glass e o relógio é que usamos menos o telefone, pois ficamos informados de maneira mais ubíqua (quando se usa quase sem perceber)”, conta Pellanda.

A maior utilização desses aparelhos – prevista por especialistas para ter uma adesão massiva em três anos no Brasil – coloca ainda mais em pauta a preocupação com a privacidade dos dados gerados, o que irá demandar maior cuidado por parte dos usuários.

“Daqui a pouco será uma coisa de gente normal, não de nerd e geek”, ressalta Costa.

Funcionalidades

Ter uma tela grudada no corpo em contato com o mundo abre possibilidades ainda não imaginadas. As principais, segundo constatou-se no evento mais consagrado do planeta na área de tendências, o South by South West (SXSW), são na área de saúde. Cristiano André da Costa diz que o atual prontuário dos pacientes é muito espalhado e que novas tecnologias vestíveis serão capazes de compilar informações e dar a elas muitas aplicabilidades, podendo controlar parâmetros e compartilhar os resultados.

Um dos usos promissores é uma espécie de backup da memória, para pacientes com Alzheimer. Junto com a Tunisian Alzheimer Association, a Samsung criou o Backup Memory, um app voltado para auxiliar pacientes com a doença a identificar pessoas. O software funcionará como um álbum de família que permite contornar a perda de memória. Quando um usuário vai ao encontro da pessoa com a doença, o app envia para o celular uma notificação com informações e fotos sobre o indivíduo para que ela reconheça se é um amigo ou familiar.

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