A indiana Tata Steel deverá elevar o valor de sua oferta pela siderúrgica européia Corus para tentar vencer a disputa com a brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) antes do prazo de terça-feira definido por autoridades britânicas, afirmaram analistas à agência Reuters.
O vencedor da batalha pelo grupo europeu se tornará a quinta maior siderúrgica do mundo. A CSN, caso vença a disputa, terá uma capacidade de produção de 25 milhões de toneladas e encostará em grupos como a japonesa JFE e a sul-coreana Posco.
Caso seja derrotada, a empresa brasileira terá que traçar outras estratégias para consolidar seu processo de internacionalização e sua expansão no mercado, especialmente após a compra da Arcelor pela Mittal Steel no ano passado.
A rivalidade já fez as ações da Corus saltarem para o maior nível em sete anos, fechando a 558 pence na última sexta-feira.
Em compensação, as ações da CSN recuaram fortemente desde o início da disputa. Neste mês, elas registram queda superior a 1%, embora subam nesta segunda-feira por conta de ajustes de carteiras.
Isto acontece porque a empresa brasileira está oferecendo pela Corus uma quantia superior ao seu próprio valor de mercado. Até agora, a CSN ofereceu 515 pence por ação da Corus, equivalente a 4,9 bilhões de libras (US$ 9,6 bilhões), superando duas ofertas feitas pela Tata Steel. Mas a siderúrgica indiana pode ainda melhorar sua proposta antes do prazo final de 30 de janeiro.
- Eles (a Tata Steel) estão sérios sobre a aquisição, uma vez que ela abrirá acesso a novos mercados e a um melhor portfólio de produtos. Eles podem fazer outra proposta - disse um analista que pediu para não ser identificado.
De acordo com um especialista da Network Stock Broking, o preço máximo a ser ofertado pela Tata deverá ser de 580 pence por ação.
Como nem a CSN e nem a Tata disseram, até agora, que ainda não haviam feito uma oferta final pela Corus, o órgão regulador de aquisições da Grã-Bretanha decidiu que, se ambas as empresas continuarem competindo pela Corus nesta terça-feira, dia 30, será promovida uma série rápida de nove rodadas de ofertas a portas fechadas, em um esquema de leilão.
Neste caso, a cada nova rodada, o valor da próxima oferta teria que ser aumentado em no mínimo 5 pence por ação.
Segundo informações divulgadas em nota da CSN, o leilão está previsto para começar às 18h30m (horário de Brasília) e terminar às 4h30h do dia 31 (horário de Brasília). Na ocasião, serão divulgados os valores das ofertas.
Caso o leilão não seja concluído neste horário, as autoridades podem anunciar os valores dos maiores lances, suspender o processo e retomá-lo às 18h30m do dia 31, com encerramento às 5h do dia 1º de fevereiro.
A Macquarie Research, em nota no mês passado, afirmou que ''excluindo qualquer benefício de sinergia, estimamos que o acordo será neutro em termos de lucro por ação para a Tata Steel a 540 pence por ação da Corus".
Caso não consiga levar a Corus, a CSN vai ganhar ao menos uma bolada de US$ 450 milhões, já que tem uma participação de 3,8% na companhia.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o banco Brascan ressalta que o leilão é arriscado para a CSN "mesmo na hipótese de que os primeiros lances sejam aumentados ao valor mínimo de 5 pence por rodada, o que geraria um preço mínimo pela Corus de 560 pence por ação". Isto resultaria. nas contas do banco, em um desembolso total pelos ativos da Corus da ordem de US$ 10,3 bilhões.
O Brascan, no entanto, considera improvável que o preço final oferecido por quaisquer dos participantes fique próximo deste valor.
Nesta segunda-feira, a União Européia anunciou ter aprovado uma eventual compra da Corus pela CSN .