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Disputa entre acionistas emperra venda da Batávia para a Perdigão

Ponta Grossa – A venda da Batávia – indústria de Carambeí, terceira colocada no mercado nacional de refrigerados – ainda não foi totalmente descartada pelos acionistas. Tanto a Parmalat Alimentos, dona de 51% da Batávia, quanto a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná (CCLPL), que detém outros 49%, ainda estão interessadas na negociação. Divergências entre os acionistas, porém, impedem a transação, que vinha sendo feita com a catarinense Perdigão.

O acordo fechado pela Parmalat, na quinta-feira, de venda da marca Etti para a Assolan, empresa do grupo Monte Cristalina, vai postergar ainda mais a venda do controle da Batávia. A negociação – cujo valor não foi divulgado – dará um fôlego financeiro à Parmalat, em processo de recuperação judicial.

Segundo os acionistas, a venda da Batávia para a Perdigão ainda não foi possível porque a CCLPL só concorda com a transação se a multinacional italiana reconhecer que causou prejuízos à parte minoritária. A Parmalat, por sua vez, alega que nada deve à cooperativa.

O assessor jurídico da cooperativa, Marcelo Bertoldi, disse que uma ação judicial, que já transitou em julgado, comprova que a Parmalat descumpriu o acordo de acionistas. Ele não informou, porém, que tipo de acordo a Parmalat teria deixado de cumprir. "A multa pode chegar ao valor total das ações", diz. A empresa italiana comprou o controle acionário da Batávia, em 1998, por R$ 140 milhões.

O presidente do Conselho da Parmalat Alimentos, Nelson Bastos, afirma que as incertezas que cercam a questão inviabilizaram temporariamente a venda das ações da Batávia. "Enquanto perdurar essa situação, não tem como fechar a venda", diz. Ele acrescenta que, pelo cronograma previsto aprovado pela Justiça para a recuperação da empresa, o prazo para acertar a negociação encerrou na semana passada. Mas permanece o interesse em vender os 51% da Batávia que pertencem à Parmalat.

Um comunicado à imprensa esquentou ainda mais a disputa entre os acionistas, que já dura dois anos. A empresa italiana informou que a venda só não foi fechada porque os sócios minoritários estão criando dificuldades. Bertoldi nega que os cooperados estejam atrapalhando o negócio e acrescenta que os valores do acordo de reconhecimento de dívida podem ser discutidos. Os acionistas paranaenses teriam, segundo o advogado, todo o interesse na venda para a Perdigão. "É uma empresa consolidada, de capital aberto e por isso transparente e com controle rígido."

Com sede em Carambeí, nos Campos Gerais, a Batávia detém 13,3% do mercado de laticínios do país. São 250 mil toneladas ao ano de 219 produtos que levam a marca Batavo e Parmalat. A estimativa de faturamento em 2005 era de R$ 600 milhões.

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