Quando as negociações entre o grupo francês Vivendi e o espanhol Telefónica para a compra da GVT chegarem ao fim o que deve ocorrer nos próximos dias , o mercado de telecomunicações brasileiro terá uma nova cara e ficará, inevitavelmente, mais concentrado. Ao fim deste processo devem restar três grandes grupos fornecendo serviços de telefonia móvel, fixa, banda larga e TV por assinatura no país: o mexicano America Móvil (Claro, Embratel e Net), o espanhol Telefónica/Vivo e a Oi, em processo de fusão com a Portugal Telecom. Quem mais sentirá o impacto da consolidação desses grupos no país positiva ou negativamente é o consumidor.
Dona do segundo maior mercado de telefonia móvel, com 74,3 milhões de clientes, a TIM é um capítulo à parte. A empresa chegou a entrar na negociação pela GVT, mas a oferta da Telefónica, de R$ 21,8 bilhões, levou os franceses à mesa de negociação. Segundo analistas, a TIM deve ser o próximo alvo no movimento de consolidação do setor. A Oi demonstrou interesse em fazer uma oferta à Telecom Itália, mas, neste momento, analistas consideram que a empresa não teria fôlego financeiro para uma aquisição desse porte em julho, o valor de mercado da TIM era de R$ 29 bilhões contra R$ 12,7 bilhões da Oi. Mesmo assim, ganhou força no mercado a informação de que a TIM pode, cedo ou tarde, ser "fatiada" entre as operadoras (Oi, Claro e Vivo), evitando assim problemas regulatórios.
Receios
A movimentação das empresas é acompanhada de perto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Enquanto o mercado vê na complementação de expertises algo positivo para a melhoria da qualidade do setor, os órgãos de defesa do consumidor acreditam que a tendência é de diminuição da oferta, aumento dos preços e manutenção de serviços ruins. Hoje, Vivo, TIM, Claro e Oi concentram 99% do mercado de celulares no país.
"Ao final dessa negociação envolvendo a GVT, vejo um mercado com três grandes grupos em escala nacional com um pacote de serviços mais completo, complementado por pequenos provedores regionais como a Algar e a Copel", afirma um analista do setor, que pediu anonimato. Segundo ele, mesmo com a compra da GVT, ainda haverá um mercado razoavelmente disperso e com um nível de concorrência saudável.