A solução para a dívida bilionária do setor elétrico passa por um novo empréstimo às empresas de eletricidade e pelo reajuste extraordinário das tarifas ao consumidor, defendeu o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite.
O empréstimo, segundo ele, resolveria o problema dos gastos das distribuidoras com a compra de energia nos meses de novembro e dezembro do ano passado, que deve atingir R$ 2,5 bilhões. E o reajuste extraordinário serviria para solucionar estruturalmente as necessidades financeiras do setor em 2015.
Sem o empréstimo, a conta de luz dos consumidores brasileiros teria que subir 26% em um único mês, para arrecadar o volume de R$ 2,5 bilhões, necessário para quitar os gastos com a compra de energia no fim do ano passado. Em seguida, a tarifa cairia novamente. Essa alternativa é "praticamente inviável", avalia Leite.
O setor defende que o novo financiamento, em negociação pelo governo com os bancos públicos, seja pago conforme o modelo já usado nos empréstimos anteriores: em dois anos, por meio de um reajuste mais ameno e diluído nas tarifas de energia.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que o empréstimo de R$ 17,8 bilhões já aprovado terá impacto de 8% nas tarifas a partir deste ano, até 2017.
Pressão
As bandeiras tarifárias, que repassam de forma imediata o custo da energia das usinas térmicas para os consumidores, e a queda do preço da energia no mercado de curto prazo (PLD) não serão suficientes para impedir mais um buraco nas contas das empresas em 2015.
O novo rombo seria causado pelo aumento da energia de Itaipu, de 46%, válido desde 1.º de janeiro e pelos gastos do fundo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), responsável por programas como o Luz para Todos e a tarifa da baixa renda. Com a provável redução dos aportes do Tesouro Nacional ao fundo, o gasto deverá ser pago pela tarifa dos consumidores.
Por isso, segundo Leite, as distribuidoras de energia deverão entrar com pedidos de reajustes extraordinários, além dos processos anuais, nas próximas semanas. Se aprovados, as novas tarifas terão impacto a partir de março.