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Conjuntura

Dívida cambial fica “negativa” e governo torna-se credor em dólar

Brasília (das agências) – O Banco Central conseguiu zerar a dívida interna atrelada ao dólar em janeiro e, além disso, ficou com créditos a receber. Em 2002, essa parcela da dívida chegou a 40%. O montante da dívida atrelado ao dólar agora está negativo em 0,56%, levando em conta as operações de "swap reverso" – o governo paga juros e, em troca, recebe a variação do dólar. Com isso, o governo, além de reduzir a parcela da dívida que fica exposta à variação cambial, também conseguiu ficar com créditos a receber em dólar equivalentes a R$ 5,56 bilhões.

"O Banco Central está agindo para reduzir a percepção de vulnerabilidade do país", disse Ivan Lima, chefe do Departamento de Operações com o Mercado Aberto do BC. Lima lembrou ainda que a preocupação do BC é com o impacto dessa dívida no médio e no longo prazos.

O governo adota desde 2003, com a queda da cotação do dólar, a política de resgatar os papéis atrelados à moeda norte-americana. O objetivo é reduzir o nervosismo do mercado caso ocorra uma nova crise de confiança – como aquela nas vésperas das eleições de 2002.

Já a dívida total do governo em títulos cresceu R$ 5,27 bilhões em janeiro. Mesmo com o resgate líquido de R$ 6,993 bilhões de títulos feito este ano pelo governo federal, a dívida mobiliária interna (total dos títulos públicos federais em poder do público) subiu, em janeiro, para R$ 984,93 bilhões. O resultado representa um crescimento de 0,5% em relação a dezembro. Com resgates que superaram as emissões de novos papéis em R$ 7 bilhões e com uma dívida cambial negativa, o aumento da dívida no mês passado foi causado pelo impacto dos juros sobre o estoque de títulos. Neste ano, a dívida pode variar entre R$ 1,13 trilhão e R$ 1,20 trilhão, segundo o Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2006.

A dívida atrelada à Selic, que hoje está em 17,25% ao ano, está em R$ 518,05 bilhões, 52,6% do total. Essa é a parcela da dívida chamada também de pós-fixada. Já a parcela da dívida prefixada ficou em 26,7% em janeiro, contra 27,86% em dezembro. Essa queda costuma ocorrer todo início de trimestre por conta da concentração de vencimentos desses papéis no período. Para o governo, quando maior a participação desses títulos, melhor, já que se sabe antes o quanto se vai pagar por eles.

Em relação à dívida indexada a índices de preços, o total ficou em 19,15%, contra 15,53% em dezembro do ano passado. A administração da dívida pública conseguiu em janeiro elevar para 36,4 meses o prazo médio das emissões. Em dezembro, esse prazo era de 33,3 meses. Segundo a nota, esse aumento foi possível pela emissão de títulos indexados a índices de preços com prazos mais longos. O prazo médio do estoque passou de 27,4 meses para 28,8 meses. Já a parcela da dívida que vence no curto prazo – em até 12 meses – passou de 41,6% para 40,6%.

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