Com a exclusão da Petrobras do superávit primário, e a redução do esforço fiscal deste ano de 3,3% para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), a dívida líquida do setor público, indicador que é olhado com atenção por investidores internacionais, pois indica a capacidade de pagamento do setor público brasileiro, deve avançar para 42% do PIB no fechamento de 2009, segundo estimativa divulgada nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central, por meio do relatório de inflação.
No fim de abril, a dívida estava em 38,4% do PIB, segundo números do BC. Deste modo, a autoridade monetária estima um aumento de 3,6 pontos percentuais na dívida entre maio e dezembro deste ano. Com a retirada da Petrobras, e a redução da meta, o esforço fiscal deste ano, que antes estava fixado em 3,8% do PIB, caiu para 2,5% do PIB.
A trajetória prevista pelo Banco Central para a dívida líquida do setor público nesta quinta-feira é, inclusive, pior do que os números anunciados pelo Ministério do Planejamento ao divulgar a exclusão da Petrobras, e redução da meta de superávit primário, em abril deste ano.
Na ocasião, o Ministério do Planejamento informou que, após as alterações nas metas de política fiscal, a dívida deveria fechar este ano em 39,4% do PIB, recuando para 36,9% do PIB no fim de 2010.
Segundo informou nesta quinta-feira (25) o BC, por meio do relatório de inflação, após subir para 42% do PIB no fim deste ano - o maior patamar desde dezembro de 2007 - a dívida líquida deverá recuar para 39,2% no fim do próximo ano.
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, explicou que as divergências com as estimativas do Ministério do Planejamento provavelmente se devem à utilização de parâmetros do mercado para o PIB e juros. "Usamos os parâmetros do mercado. Talvez seja essa a explicação", disse ele.
O BC lembrou que o mercado financeiro estima uma queda de 0,57% para o PIB deste ano, enquanto o governo projeta, no orçamento, um crescimento de 1%.
"A representatividade do endividamento líquido do PIB deverá retomar, em 2010, a trajetória decrescente registrada nos últimos anos, atingindo 39,2% do PIB em dezembro. A projeção da relação dívida/PIB traduz, além das metas estipuladas para o resultado primário [economia para pagar juros da dívida pública], sua sensibilidade às taxas de juros e de câmbio, e ao ritmo de crescimento do PIB", informou o BC por meio do relatório de inflação do segundo trimestre deste ano.
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