chefe do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, Dilma Rousseff.| Foto: Ricardo Stuckert/PR
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A presidente Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o Banco dos Brics, Dilma Rousseff (PT), criticou nesta sexta-feira (30) o pouco espaço para investimentos em nações menos desenvolvidas, por conta da maior parte dos recursos do mercado global estar direcionada ao financiamento das dívidas dos países ricos.

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“De acordo com estimativas do Banco Mundial, as 10 economias desenvolvidas do planeta têm uma dívida combinada de cerca de US$ 87 trilhões. Financiar tais dívidas públicas elevadas consome uma parte significativa da enorme liquidez disponível nos mercados internacionais. Essa liquidez poderia, de outra forma, ser canalizada para financiar a dívida de países em desenvolvimento e, assegurar os investimentos necessários para um desenvolvimento sustentado”, declarou a petista durante a cerimônia do Brics realizada na Cidade do Cabo, na África do Sul.

Para Dilma, a dívida dos países em desenvolvimento torna-se um “fardo excessivo”, limitando a capacidade desses países de crescer economicamente de forma sustentável.

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“Choques externos, como o aumento das taxas de juros nos mercados internacionais e as desvalorizações excessivas de suas moedas, acabam alimentando um ciclo vicioso de endividamento”, ressaltou. “O desajuste entre a dívida em moeda forte e a receita gerada pelos projetos cria uma barreira para o investimento nas economias em desenvolvimento”.

Entre as medidas para canalizar a liquidez internacional para os países em desenvolvimento, a petista citou o financiamento das moedas locais para ampliar o espaço fiscal e investimentos em áreas como educação, saúde e habitação.

Moeda local

No discurso, Dilma Rosseff também declarou que o NBD tem atuado para diversificar as fontes de financiamento com o intuito de usar uma cesta de moedas para financiar projetos nos países membros. “O uso de moeda local é uma opção estratégica. A disponibilidade de crédito em moeda local e/ou swaps de moeda ajuda a enfrentar a exposição aos riscos cambiais e de taxa de juros”, disse.

De acordo com a presidente, o banco está implementando plataformas orientadas para o desenvolvimento sustentável em moeda local e reconhece a urgência de tornar o financiamento verde disponível para os países membros. “Queremos fornecer 30% do financiamento total em moedas locais dos membros tomadores”, disse Dilma. “Nesta reunião anual, os desafios da transição justa e do financiamento para o desenvolvimento estão em destaque”, concluiu.

A decisão de criar um banco dentro da estrutura dos países do Brics foi tomada em 2013, durante a cúpula em Durban, na África do Sul, e um ano depois essa decisão foi selada no Brasil com a assinatura do acordo correspondente. O Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics começou a operar oficialmente em julho de 2015

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]