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Dívida. É grave, doutor?

O consultor Raphael Cordeiro: lidar com o lado psicológico do cliente pode ser mais complicado do que com a situação financeira | Hedeso Alves/ Gazeta do Povo
O consultor Raphael Cordeiro: lidar com o lado psicológico do cliente pode ser mais complicado do que com a situação financeira (Foto: Hedeso Alves/ Gazeta do Povo)

Uma das novidades da Expo­money deste ano é a Clínica Financeira, um serviço gratuito de consultoria com planejadores financeiros. Três "consultórios" foram montados para permitir o atendimento individual aos participantes. Nas salinhas, o "paciente" tem aproximadamente meia hora para expor suas dúvidas financeiras e ouvir o consultor.

Faz parte do atendimento informar dados sobre o orçamento mensal, como receitas, despesas, investimentos, patrimônio e dívidas. "Às vezes, apenas verbalizando e organizando essas informações, o cliente já muda a percepção da sua vida financeira", diz o consultor Fabiano Calil, responsável pelo projeto na Expomoney.

De acordo com ele, o público que tem procurado a clínica nas edições da Expomoney em outras cidades é bastante heterogêneo — engloba desde o cidadão endividado que quer sair do sufoco e melhorar a gestão do orçamento doméstico até o investidor que acha que deve mexer na carteira de ações. "Muita gente chega achando que vai sair com uma resposta pronta – se é melhor investir na Vale ou na Petrobras, por exemplo", diz Calil. Mas ele explica que essa abordagem não é o foco da consultoria, e sim traçar um diagnóstico de longo prazo das necessidades e possibilidades financeiras.

Dentro desta ideia, a equipe de consultores nunca oferece uma resposta pronta e pontual. "Um dos desafios é manter a isenção na análise do caso. O planejador ajuda a tirar uma fotografia da sua situação financeira e também dá as possíveis direções que a pessoa pode seguir", diz.

Tempo ao tempo

O dentista Luciano Rocha se considera estável no mercado de trabalho – atuando na área há 12 anos, já conquistou maturidade no ramo e uma carteira estável de pacientes. Quando foi atendido ontem na clínica financeira, disse ao consultor que estava buscando opções de investimento diferentes das oferecidas pelos bancos. Após a conversa, ele não escondeu a surpresa com o resultado da conversa. A orientação foi de não se preocupar tanto com o modelo da poupança, e sim com o investimento no próprio trabalho. "Partimos do princípio de que estou chegando no auge da minha carreira, na idade certa de produzir. Se eu investir na minha profissão agora vou prolongar minha autonomia financeira, e no futuro posso estudar uma diversificação nas aplicações. Achei excelente", disse.

Psicologia

O consultor Fabiano Calil explica que também há um tipo de "trabalho sujo" no aconselhamento: faz parte do papel frustrar e desiludir o cliente. "A gente elimina a mágica do investimento, por exemplo, quando explica que não existe nenhum tipo de rendimento de 100% ao ano que vá durar pra sempre." Por isso, também está entre os desafios do serviço desenvolver alguma habilidade em psicologia.

O consultor Raphael Cordeiro concorda. "Às vezes o lado psicológico ganha proporções até maiores", diz Cordeiro. "Lembro de clientes que já tinham seu diagnóstico pronto, concordavam que era o melhor caminho, mas não conseguiam seguir adiante com o plano. Por isso, já cheguei a encaminhar clientes para a terapia – até fiquei com medo de tomar essa decisão, porque não sabia qual seria a reação deles. Mas deu tudo certo. Eu expliquei que, depois de certo tempo repetindo as mesmas coisas, eu já estava desperdiçando meu tempo, e ele, perdendo dinheiro comigo", conta.

Amigas buscam dicas para negócio

A clínica financeira da Expomoney atendeu três amigas que partilham um objetivo comum: montar juntas uma empresa de varejo. Apesar da proposta não se encaixar no foco de atuação da clínica, elas dizem que conseguiram dicas tanto para rever a formação da nova empresa quanto para as finanças pessoais.

Entre as dúvidas postas na mesa estava o empréstimo de capital: quanto seria suficiente para abrir o negócio? "O caminho na verdade deve ser o inverso, de primeiro saber onde queremos chegar para depois ver o quanto precisamos. Além de tudo, é muito melhor ter capital próprio para iniciar o negócio, do que partir do zero", diz a arquiteta Rafaella Gardini.

"E nisso acabamos caindo para a gestão financeira pessoal. Afinal, eu sempre me pergunto aonde vai o dinheiro todo mês, e não sei como vou conseguir poupar esse capital próprio sendo assalariada", diz a economista Lara Pereira. Mariana Magalhães, também economista, confirma a necessidade do controle de gastos. "O plano agora é: primeiro planejar para depois gastar, e não o contrário." * * * * *

Serviço:

Acompanhe o segundo dia da Expomoney blog da equipe da Gazeta do Povo ou pelo Twitter: @gp_economia.

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