A dívida pública da Grécia atingirá um pico de 172% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 e recuará para 130% em 2020, segundo estimativa divulgada hoje pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo a entidade, isso será possível se o governo grego implementar o programa fiscal conforme prometido para receber o pacote de socorro de 110 bilhões de euros no ano passado. O FMI afirmou também que a Grécia precisa avançar com sua agenda de privatizações e reformas fiscais de uma maneira determinada e no tempo oportuno a fim de trazer sua dívida de volta a níveis sustentados.
"Os testes de estresse mostram que a implementação total e no tempo oportuno do programa é absolutamente essencial. O ajuste fiscal incompleto e deficiências de privatização ou atrasos na implementação de reformas estruturais manteria a dívida muito elevada e, provavelmente, em níveis insustentáveis até 2020", destacou o FMI, em revisão sobre o caso.
O FMI reconheceu que a recessão na economia grega será mais profunda e mais longa do que o previsto anteriormente, com o PIB do país previsto para recuar 3,8% em 2011, em vez de 3% como projetado antes. O retorno para um crescimento positivo, em bases trimestrais, está agora previsto ocorrer no primeiro semestre de 2012, segundo o FMI.
Em um tom positivo, o FMI espera que a competitividade melhore gradualmente, com a lacuna da inflação com a zona euro gradualmente sendo fechada e tornando-se favorável à Grécia em 2012, apesar dos altos preços do petróleo. O fundo prevê que os custos da mão-de-obra devem continuar a diminuir num ritmo semelhante ao observado em 2010.
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O FMI afirmou também que um default (não pagamento das dívidas) temporário da Grécia pode ser inevitável se os detentores de bônus privados participarem voluntariamente de um novo programa de financiamento para o país. Mesmo assim, o FMI projeta um envolvimento de 33 bilhões de euros por parte de todos os detentores privados de bônus até 2014 para analisar se a dívida da Grécia é sustentável e afirma que tal postura é "apropriada".
O FMI disse que um comunicado divulgado na segunda-feira pelo Eurogrupo representa um progresso na determinação de detalhes do próximo programa de financiamento para a Grécia para cobrir um buraco estimado de 104 bilhões de euros em financiamento. O fundo alertou contra novos adiamentos na solução do problema. O Eurogrupo reúne os ministros de Finanças da zona do euro.
"A incerteza afetou negativamente as condições de mercado, não há dúvidas sobre isso, e há uma urgência em se chegar a uma conclusão sobre a respeito desta questão", disse Poul Thomsen, vice-diretor do FMI para o Departamento Europeu e chefe da missão para a Grécia em teleconferência com jornalistas.