A dívida da Grécia continua "alta demais" e os compromissos da Europa para diminuí-la são bem-vindos, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) na última revisão do programa de resgate do país.
O comentário, feito no fim de um relatório de quatro páginas, marca o lançamento de uma discussão formal e aberta sobre o envolvimento futuro do setor oficial no pacote da Grécia, de 173 5 bilhões de euros (US$ 227,5 bilhões). Isso significa que os países da zona do euro que financiaram a ajuda poderão ter prejuízos com os empréstimos, algo que teria impacto político em países credores como a Alemanha.
No ano passado, autoridades europeias fizeram uma vaga referência à possibilidade de a dívida da Grécia ser reavaliada no futuro e se comprometeram a manter o país financiado até que Atenas consiga retomar o acesso aos mercados, desde que continue cumprindo as exigências de seu programa de ajuda.
"É...muito bem-vindo que os parceiros europeus da Grécia tenham agora aceitado que o país possa precisar de significativo suporte adicional para restaurar a sustentabilidade da dívida, e que eles tenham se comprometido a oferecer alívio adicional" para alcançar o objetivo de reduzir a dívida grega para menos de 110% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020, disse o Fundo.
O FMI, que patrocina o pacote da Grécia junto com a zona do euro mas com um papel proporcionalmente pequeno, disse que a Grécia teve um avanço "excepcional" no controle dos gastos, mas a melhora veio por meio "de canais recessivos".
Além disso, o Fundo, com sede em Washington, criticou Atenas por não conseguir resolver a questão da evasão fiscal e pelas reformas estruturais "insuficientes", e apelou ao país que supere o "tabu" de dispensar funcionários públicos.
"Enquanto o reequilíbrio da economia tem sido associada ao forte aumento do desemprego no setor privado, principalmente entre os jovens, o setor público inchado foi poupado em função de um tabu em relação a demissões", afirmou o FMI no relatório. O Parlamento grego recentemente aprovou uma lei que abre o caminho para a demissão de servidores públicos.
Embora a Grécia precise fazer mais economia até 2016 para atingir a meta de superávit público primário de 4,5% do PIB, o FMI diz que não há mais espaço para aumentar impostos e quase não há mais espaço para cortar ainda mais as despesas discricionárias do governo.
O relatório afirma ainda que o profundo e rápido ajuste fiscal da Grécia levou o país a uma recessão bem mais grave do que o esperado. A Grécia está em seu sexto ano consecutivo de recessão com a economia tendo encolhido mais de 20% desde 2008. As informações são da Dow Jones.