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Dívida pública

Dívida pública vai passar de 86% do PIB até fim do governo Lula, prevê IFI

IFI eleva estimativa para dívida pública no fim do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva
IFI elevou estimativa para dívida pública ao fim do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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A Instituição Fiscal Independente (IFI) revisou para cima sua estimativa para o endividamento público ao fim do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A nova projeção é de que a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) chegará a 86,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em dezembro de 2026. Até então, a IFI esperava uma relação dívida/PIB de 84,1%.

Para 2024 e 2025, porém, os cálculos foram revistos para baixo. A estimativa para 2024 baixou de 80% para 78,3% do PIB e a de 2025, de 82,2% para 81,4%. Ou seja, o órgão – que é formalmente vinculado ao Senado – passou a esperar um avanço um pouco mais lento da dívida até o fim do ano que vem, mas um salto no ano das eleições. Os números foram apresentados na edição de dezembro do Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF).

O percentual da dívida pública em relação ao PIB é um dos principais indicadores da saúde econômica do país. Um crescimento acelerado piora a percepção de risco de investidores e pode realimentar a deterioração de preços como a taxa de câmbio e os juros futuros.

De acordo com o diretor-executivo da IFI, Marcus Pestana, a trajetória estimada esboça uma tendência bem mais aguda de agravamento da situação do endividamento público do que a prevista até mesmo pelo Banco Central.

Pestana observa que os cálculos da IFI também são mais pessimistas que os do o Relatório de Projeções Fiscais, divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional. De acordo com as estimativas do Tesouro, a dívida chegará a 77,7% do PIB em 2024, 79,7% em 2025 e 81,7% em 2026.

Os cálculos da IFI ainda apontam que, no cenário mais provável, a dívida pública chegaria a 91% do PIB em 2027, passando de 100% em 2030 (chegando a 102,3% em dezembro daquele ano) e alcançando 116,3% do PIB em 2034.

O relatório do Tesouro, por outro lado, aponta que em 2027 haverá uma reversão no crescimento da dívida em relação ao PIB e que, em 2034, o porcentual seria de 75,6% – menor do que o previsto para este ano.

Um dos principais pontos para revisão das estimativas da IFI foi a própria dinâmica econômica deste ano, “povoada de contradições, com a alternância de notícias positivas e negativas, em relação aos cenários iniciais projetados”, conforme destacou a Instituição.  

Outro ponto relevante considerado nos cálculos é uma possível superestimação das receitas extraordinárias ou pendentes de aprovação legislativa, constantes no relatório do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2025, da ordem de R$ 72 bilhões.

IFI vê "intolerância da sociedade a aumento de carga tributária"

As despesas primárias do governo federal – os gastos antes dos juros da dívida pública – foram estimadas para 19% do PIB em 2025 e entre 19% e 19,5% entre 2026 e 2034. A IFI afirma que essas estimativas não incorporam os impactos do pacote fiscal proposto pelo governo e as alterações feitas pelo Congresso.

Enquanto isso, a IFI vê a receita primária líquida da União de 18,3% do PIB em 2025 e estabilizada em torno de 17,8% do PIB no médio prazo, "refletindo, inclusive, a intolerância da sociedade brasileira a todo e qualquer aumento da carga tributária, que ganha expressão no posicionamento reiterado do Congresso Nacional".

Com despesas sempre superiores às receitas, a IFI prevê uma longa sequência de déficits primários para o governo federal nos próximos anos. Após um saldo negativo de 0,4% do PIB em 2024, a previsão é de rombo de 0,7% do PIB em 2025 e uma piora de 2026 em diante, com déficit chegando a 1,6% do PIB em 2032.

2024 termina com deterioração das expectativas, diz Pestana

Segundo Pestana, o ano de 2024 se encerra com “indicações claras de deterioração das expectativas dos investidores em relação à solidez fiscal, à sustentabilidade da dívida e à consistência da política macroeconômica".

Ainda assim, diante deste cenário pouco otimista, o diretor ressalta que houve avanços institucionais que, por sua vez, abrem boas perspectivas a médio e longo prazos, dentre os quais se destacam a reforma tributária, com regulamentação dos impostos sobre o consumo, e o acordo entre Mercosul e União Europeia.

 

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