A dívida média das famílias brasileiras caiu 22% nos últimos três meses, aponta o Índice de Expectativas das Famílias, pesquisa mensal realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgada ontem. No mês de agosto, cada família brasileira devia R$ 5.426,59. Em outubro, esse valor médio caiu para R$ 4.220,30. No entanto, segundo o Ipea, ainda não é possível determinar se a tendência veio para ficar.
O alívio no endividamento também suavizou o peso das contas no orçamento das famílias. Em agosto, 23% dos entrevistados declararam que o total de débitos era equivalente ou superior a cinco vezes a renda mensal da família. Em outubro, o porcentual dos superendividados caiu para 15,8%. Na mesma tendência, em agosto 45,5% dos entrevistados afirmaram que suas famílias não tinham qualquer dívida. Em outubro, a quantidade de "zerados" subiu para 48,6%.
Na Região Sul, o número de famílias sem dívidas está um pouco abaixo da média brasileira, com 45,6% dos entrevistados declarando estarem sem débitos. No entanto, o Sul teve um desendividamento mais intenso nos três meses comparados, com aumento de 9,2 pontos porcentuais na quantidade de pessoas que se declararam livres de compromissos financeiros.
Análise
Sandro de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, alerta que a série histórica da pesquisa, de três meses, ainda não oferece condições para uma análise ampla. "A queda no endividamento provoca um aumento no otimismo dos consumidores, e as pessoas confiantes tendem a contrair novas dívidas. Em dezembro, saberemos melhor o que está de fato ocorrendo", estima.
O número de pessoas que afirmaram ter capacidade de saldar suas dívidas por completo caiu em relação a agosto. Naquele mês, 22,8% dos entrevistados avaliaram ter condições de efetuar todos os pagamentos. Em outubro, a fatia diminuiu para 18,5%. No outro extremo, o porcentual de entrevistados que declarou não poder pagar suas dívidas ficou relativamente estável, oscilando de 37,8% para 38,1%.
Otimismo
Esta é a terceira edição do Índice de Expectativas das Famílias, que começou a ser realizado em agosto. A pesquisa pretende medir, mês a mês, o humor da população brasileira em relação à economia do país e às possibilidades individuais e familiares. Os dados levantados são usados para a formação de um índice geral. Em outubro, o indicador nacional apontou um otimismo de 63,41, numa escala de 0 a 100. A Região Sul é a segunda mais confiante do Brasil, registrando 66,70 pontos.
"As famílias com rendimento médio (de dois a cinco salários mínimos), bem como aquelas com ensino médio (completo ou incompleto), são as que têm um maior grau de confiança na melhora econômica do país", afirmou, em entrevista coletiva, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.