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No Twitter, usuários satirizam série
No dia em que Nós 3 estreou no Multishow, um perfil no Twitter surgiu para acompanhar a série. Uma primeira olhada até engana, mas o perfil não é de Cix, Dinha e Yasmin e sim de "Pix", "Binha" e "Jasmine", as "it girls" de Nilópolis.
O perfil é tocado por uma publicitária carioca que decidiu tirar sarro do estilo de vida retratado na série. "Ainda nos recuperando de ontem, mas hoje tem festa de abertura do programa no Pista Nós 3 com DJ Bruno Carnaval", diz um tweet, fazendo referência ao diretor Bruno Natal.
"Gente, alguém viu minha sandália de acrílico? Perdi na buati!", diz outro. A inspiração da publicitária vem dos episódios. "O legal é que sempre que eu posto qualquer coisa o povo vibra", disse ela, que escolheu o codinome "Celly" em um papo por troca de mensagens no Gtalk com a reportagem. Ela diz que não critica as meninas quer apenas fazer uma "sátira com a vida noturna do Rio e até com o estilo de vida". Para ela, o seriado em alguns momentos soa "ridículo". "A vida de algumas delas é muito a passeio", disse Celly. "Esse povo acaba se perdendo na tentativa de externar o que quer que se tenha dentro", diz.
A publicitária prefere não fazer críticas diretas, mas se incomoda com o fato de "todo mundo querer ser diferente a qualquer custo". E diz que o que mais irrita, para ela, é "gente que começa frase com amiga...".
A amizade começou pelo Fotolog. A vida delas, aliás, está toda lá pelo menos os últimos seis anos. Desde os tempos de colégio, estão lá registros de amigos, namorados, brigas, tardes na piscina ou na praia, baladas. Muitas baladas ou "nights", afinal, elas são do Rio de Janeiro.
Cecília Arruda, 23, Yasmin Vilhena, 22, e Fernanda Figueiredo, 21, conquistaram fãs e inimigos divulgando a própria vida na rede. O que já era um reality show virou programa de TV de verdade o "Nós 3", série que está no ar no Multishow, todas às quartas-feiras, às 22 horas.
Yasmin, Fernanda (a Dinha) e Cecília (a Cix) têm Fotolog desde 2003. Só a última mantém o mesmo perfil desde então - o "passado negro", como ela chama. A partir das postagens frequentes, formou-se uma legião de seguidores. "No começo, quando as pessoas começaram a me procurar e me mandar mensagem, eu achava estranho. Eu não estava fazendo nada e aquelas pessoas gostavam de mim", diz Cecília.
Foi quando uma amiga em comum comprou uma mini-DV que tudo ficou mais movimentado. "Começamos a levar a câmera para todos os lugares", conta Fernanda. Principalmente para as festas. Amigas gritando, cantando, se abraçando, conversando, bebendo, dançando. "Quando vimos o resultado, achamos muito legal e pedimos para um amigo editar", diz Fernanda. O amigo era Tiago Lins, que divide a direção da série com Bruno Natal. Ele editou as imagens caseiras em vídeos de cinco minutos, próprios para o YouTube, como queriam as meninas.
Divulgado nos respectivos perfis no Orkut e Fotolog, o vídeo fez sucesso e, depois de milhares de visitas, surgiu a demanda pelo segundo. Hoje, os dois contabilizam 17 mil visitas. "Acho que é porque a gente se expôs de um jeito natural. Não estávamos pensando em nada", diz Yasmin. "Acho que quem assiste pensa caramba, eu podia ter feito isso também".
Batizado de "Matrizen", o "seriado" teve apenas dois episódios, mas foi o ponto de partida para algo bem maior. Quase dois anos depois das aventuras no YouTube, Lins e Natal levaram o vídeo para o Multishow e, depois de alguns ajustes, veio o aval: a vida das três viraria, finalmente, um reality show. "Nenhuma de nós esperava. Não tínhamos projeção de ser famosas e pensamos caramba! Será?", diz Dinha. "No começo ficamos com medo de nos expormos demais, mas depois pensamos que não temos nada a esconder e temos orgulho do que fazemos", diz Yasmin.
Para as gravações, Natal e Lins acompanharam as meninas por cinco meses. Além de uma agenda que elas enviavam, a saída para os dois acompanharem tudo era segui-las pelo Twitter e pelo Fotolog. "A gente ficou dependente do que acontecia com elas, não tínhamos um roteiro", explica Natal. Por isso, em alguns momentos, entrar no universo particular das três não foi tarefa fácil. Se na internet elas conseguiam escolher qual parte da vida queriam mostrar para o mundo, para o seriado elas tiveram que deixar isso nas mãos dos diretores. "Todo mundo tem aquele dia em que acorda de mau humor, acorda se achando a pior pessoa, não quer ser filmado", diz Dinha.
Os anos de experiência enfrentando comentários nos Fotologs deram às garotas segurança para aceitar as críticas e encará-las como diversão tanto é que todas, assim como os diretores da série, seguem o perfil falso @nos_3 no Twitter. "Tem gente falando mal e falando bem. A gente tem que estar preparada", diz Cecília. "Não nos incomodamos."
O que mudou na vida delas depois do reality? "Nada", repetem em uníssono. Vez ou outra, uma delas é reconhecida na rua, como aconteceu outro dia com Dinha. Ela saiu do trabalho e viu que um grupo a observava e ria só descobriu que havia sido reconhecida porque uma garota comentou no Twitter. Para elas, o Fotolog é uma maneira de recordar o passado. E a série é encarada do mesmo jeito: uma maneira divertida de, no futuro, lembrar de uma época muito boa da vida.
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