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Comércio eletrônico

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Scheila de Liz, que descobriu um nicho de mercado para os adesivos que fabricava sob encomenda: vendas no Mercado Livre e projeto de site próprio em desenvolvimento | Antônio More/ Gazeta do Povo
Scheila de Liz, que descobriu um nicho de mercado para os adesivos que fabricava sob encomenda: vendas no Mercado Livre e projeto de site próprio em desenvolvimento (Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo)
Ana Luiza McLaren: 15% de taxa para que os usuários vendam suas coisas no brechó virtual Enjoei |

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Ana Luiza McLaren: 15% de taxa para que os usuários vendam suas coisas no brechó virtual Enjoei

Não foi a falta de emprego que levou a publicitária paulistana Ana Luiza McLaren a entrar para o comércio eletrônico. Foi a falta de espaço no armário. A necessidade de desocupar o apartamento pequeno foi o empurrão para a criação do Enjoei, brechó virtual que vende desde roupas de marca e acessórios até uma lambreta. Só que, desde o começo, o Enjoei virou mais do que uma ferramenta para que Ana se desfaça de suas coisas: ele é uma plataforma de vendas online para onde as pessoas enviam seus "enjoos" e pagam a ela 15% pelo uso do site.

"Foi muito rápido, cresceu de um jeito que nem eu entendi. O povo foi passando de um para outro, eu fiquei histérica", conta ela, que investiu R$ 140 no projeto. Quase tudo o que é postado é vendido – o sucesso levou à contratação de um assistente um mês após a estreia do site.

Em Curitiba, a empresária Scheila Cristina de Liz percebeu um nicho de mercado, há coisa de cinco anos. Sua loja – a Sinalize, que presta serviços de comunicação visual – recebia vários pedidos de arquitetos para imprimir adesivos decorativos. "A gente tinha o maquinário, e o mercado estava em alta", relata. Scheila começou a produzir os adesivos e vender no Mercado Livre, site de leilões que é a porta de entrada de muitos empreendedores do mundo virtual.

Hoje o volume de vendas de adesivos via internet rivaliza com o mesmo segmento dentro da loja. Apesar da concorrência crescente e das taxas cobradas pelo Mercado Livre, ainda está valendo a pena fazer as vendas por meio do site. Sheila tem planos de abrir um site próprio e fazer vendas diretas.

Ana Luiza e Scheila estão entre as novas caras do comércio eletrônico no país, que desponta como o principal mercado da América Latina. Uma pesquisa do Grupo Nielsen encomendada pelo Mercado Livre mostrou que, só na plataforma, o comércio eletrônico deve gerar nove mil empregos nos próximos seis meses – 13% dos usuários do Mercado Livre têm funcionários para ajudar com as vendas.

Segundo a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câma­ra-e Net), hoje, no Brasil há 60 mil micro e pequenas empresas vendendo na internet. São pessoas que estão deixando a pessoa física e se preparando para virar comerciantes de verdade, como a dona-de-casa Adamaris Gallucci, que está dando os primeiros passos para formalizar a sua Loja da Mel. Ela enfrentava um período de depressão quando foi aconselhada pelas filhas a abrir uma loja no Mercado Li­­vre. A ideia inicial era vender os brinquedos antigos que tinham em casa.

A primeira leva foi toda vendida, e Adamaris acionou os ami­­gos atrás de mais brinquedos para vender. Hoje, acumula experiência de compradora e está dando os primeiros passos para formalizar a Loja da Mel, que não tem espaço físico, mas tem blog, Twitter e Facebook. "Nós já crescemos cerca de 30%", diz ela, afirmando que a loja serve como complemento de renda. "Meu horizonte era muito pequeno, terminava no meu portãozinho. Hoje, tenho um visão muito maior", diz.

Exigente, Mercado Livre é a principal porta de entrada

O Mercado Livre ainda é o principal meio por onde os pequenos varejistas alcançam a web. E esse crescimento da plataforma é o reflexo do que acontece com o mercado. "Há pessoas que abandonaram o mundo físico para ficar só no online. As despesas são mais enxutas e dá para vender para o país inteiro e até para o exterior", diz Stelleo Tolda, presidente do Mercado Livre.

O formato de leilão inaugurado pelo site em 1999, agora, corresponde a apenas 5% das vendas – o que predomina hoje são as vendas a preço fixo. Os vendedores aventureiros continuam em cena, mas o aquecimento está fazendo surgir uma nova geração de pequenos comerciantes que usam as ferramentas para se tornar pequenos empresários bem-sucedidos.

"Quando as pessoas pensam por onde começar é comum que a referência seja o Mercado Livre, pela facilidade da plataforma. A tendência é que, ao atingir certo número de vendas, elas criem seus próprios sites", diz Tolda.

Esse é o caminho trilhado por Scheila de Liz, que também está pre­­parando um site próprio. Ela con­­sidera o Mercado Livre um termômetro da economia, apontando tendências que se verificam cor­­retas também no mundo das lojas físicas. "Quando as vendas pa­­ram no Mercado Livre, eu sei que vão cair na loja física também", diz.

Embora esteja no site há cinco anos, Scheila não considera fácil o trabalho com o Mercado Livre. "As exigências são muitas para manter a reputação", resume. Além disso, o fato de dividir as páginas do site com vendedores muito diferentes é um complicador adicional. "Se um vendedor não faz a entrega, a má fama pega nos outros", diz. "É como se a gente estivesse no mesmo balaio."

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